4 de abril de 2016
On segunda-feira, abril 04, 2016 by PeJose
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA E O ANO DA SANTO DA MISERICÓRDIA
M.35
MISERICÓRDIA
M.35.1
Aceitação da misericórdia de Deus
§1847
"Deus nos criou sem nós, mas não quis salvar-nos sem nós." Acolher
sua misericórdia exige de nossa parte a confissão de nossas faltas. "Se
dissermos: 'Não temos pecado', enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está
em nós. Se confessarmos nossos pecados, Ele, que é fiel e justo, perdoará
nossos pecados e nos purificará de toda injustiça" (1Jo 1,8-9).
§2840
Ora, e isso é tremendo, este mar de misericórdia não pode penetrar em nosso
coração enquanto não tivermos perdoado aos que nos ofenderam. O amor, como o
Corpo de Cristo, é indivisível: não podemos amar o Deus que não vemos, se não
amamos o irmão, a irmã, que vemos. Recusando-nos a perdoar nossos irmãos e
irmãs, nosso coração se fecha, sua dureza o torna impermeável ao amor misericordioso
do Pai confessando nosso pecado, nosso coração se abre à sua graça.
M.35.2
Cristo quer misericórdia
§2100
Para ser verídico, o sacrifício exterior deve ser a expressão do sacrifício
espiritual: "Meu sacrifício é um espírito compungido..." (Sl 51,19).
Os profetas da Antiga Aliança denunciaram com freqüência os sacrifícios feitos
sem participação interior ou sem ligação com o amor do próximo. Jesus recorda a
palavra do profeta Oséias: "E misericórdia que eu quero, e não
sacrifício" (Mt 9,13; 12,7). O único sacrifício perfeito é o que Cristo
ofereceu na cruz, em total oblação ao amor do Pai e para nossa salvação.
Unindo-nos a seu sacrifício, podemos fazer de nossa vida um sacrifício a Deus.
M.35.3
Igreja concede a misericórdia de Deus ao homem
§2040
Assim se pode desenvolver entre os fiéis cristãos um verdadeiro espírito filial
para com a Igreja. Ele é o resultado normal do crescimento da graça batismal,
que nos gerou no seio Igreja e nos fez membros do Corpo de Cristo. Em sua
solicitude materna, a Igreja nos concede a misericórdia de Deus, que triunfa
sobre todos os nossos pecados e age de modo especial no sacramento da
Reconciliação. Como mãe solícita, ela nos prodigaliza também em sua Liturgia,
dia após dia, o alimento da Palavra e da Eucaristia do Senhor.
M.35.4
Igreja implora a misericórdia de Deus
§1037
Deus não predestina ninguém para o Inferno; para isso é preciso uma aversão
voluntária a Deus (um pecado mortal) e persistir nela até o fim. Na Liturgia
Eucarística e nas orações cotidianas de seus fiéis, a Igreja implora a
misericórdia de Deus, que quer "que ninguém se perca, mas que todos venham
a converter-se" (2Pd 3,9): Recebei, ó Pai, com bondade, a oferenda de
vossos servos e de toda a vossa família; dai-nos sempre a vossa paz, livrai-nos
da condenação e acolhei-nos entre os vossos eleitos.
M.35.5
Jesus manifesta a misericórdia do Pai
§545
Jesus convida os pecadores à mesa do Reino: "Não vim chamar justos, mas
pecadores" (Mc 2,17). Convida-os à conversão, sem a qual não se pode
entrar no Reino, mas mostrando-lhes, com palavras e atos, a misericórdia sem
limites do Pai por eles e a imensa "alegria no céu por um único pecador
que se arrepende" (Lc 15,7). A prova suprema deste amor ser o sacrifício
de sua própria vida "em remissão dos pecados" (Mt 26.28).
§589
Jesus escandalizou sobretudo porque identificou sua conduta misericordiosa para
com os pecadores com a atitude do próprio Deus para com eles. Chegou ao ponto
de dar a entender que, partilhando a mesa dos pecadores, os estava admitindo ao
banquete messiânico. Mas foi particularmente ao perdoar os pecados que Jesus
deixou as autoridades religiosas de Israel diante de um dilema. Foi isto que
disseram com razão, cheios de espanto: Só Deus pode perdoar os pecados"
(Mc 2,7). Ao perdoar os pecados, ou Jesus blasfema - pois é um homem que se
iguala a Deus -, ou diz a verdade, e sua pessoa torna presente e revela o Nome
de Deus.
§1439
O dinamismo da conversão e da penitência foi maravilhosamente descrito por
Jesus na parábola do "filho pródigo", cujo centro é "O pai
misericordioso": o fascínio de uma liberdade ilusória, o abandono da casa
paterna; a extrema miséria em que se encontra o filho depois de esbanjar sua
fortuna; a profunda humilhação de ver-se obrigado a cuidar dos porcos e, pior
ainda, de querer matar a fome com a sua ração; a reflexão sobre os bens
perdidos; o arrependimento e a decisão de declarar-se culpado diante do pai; o
caminho de volta; o generoso acolhimento da parte do pai; a alegria do pai:
tudo isso são traços específicos do processo de conversão. A bela túnica, o
anel e o banquete da festa são símbolos desta nova vida, pura, digna, cheia de
alegria, que é a vida do homem que volta a Deus e ao seio de sua família, que é
a Igreja. Só o coração de Cristo que conhece as profundezas do amor do Pai pôde
revelar-nos o abismo de sua misericórdia de uma maneira tão simples e tão bela.
§1846
O PECADO
A
misericórdia e o pecado
O
Evangelho é a revelação, em Jesus Cristo, da misericórdia de Deus para com os
pecadores. O anjo anuncia a José: "Tu chamarás com o nome de Jesus, pois
ele salvará seu povo de seus pecados" (Mt 1,21). O mesmo se dá com a
Eucaristia, sacramento da redenção: "Isto é o meu sangue, o sangue da
aliança, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados" (Mt
26,28).
M.35.6
Justificação sinal maior da misericórdia de Deus
§1994
A justificação é a obra mais excelente do amor de Deus, manifestado em Cristo
Jesus e concedido pelo Espírito Santo. Sto. Agostinho pensa que "a
justificação do ímpio é uma obra maior que a criação dos céus e da terra",
pois "os céus e a terra passarão, ao passo que a salvação e a justificação
dos eleitos permanecerão para sempre". Pensa até que a justificação dos
pecadores é uma obra maior que a criação dos anjos na justiça, pelo fato de
testemunhar uma misericórdia maior.
M.35.7
Maria "Mãe de misericórdia"
§2667
Esta invocação de fé muito simples foi desenvolvida na tradição da oração em
várias formas no Oriente e no Ocidente. A formulação mais comum, transmitida
pelos monges do Sinai, da Síria e do monte Athos é a invocação: "Jesus
Cristo, Filho de Deus, Senhor, tem piedade de nós, pecadores!" Esta
associa o hino cristológico de (Fl 2,6-11 com o pedido do publicano e dos
mendigos da luz. Por ela, o coração se põe em consonância com a miséria dos
homens e com a Misericórdia de seu Salvador.
M.35.8
Misericórdia de Deus
§210 "DEUS DE TERNURA E DE
COMPAIXÃO"
Depois
do pecado de Israel, que se desviou de Deus para adorar o bezerro de ouro, Deus
ouve a intercessão de Moisés e aceita caminhar no meio de um povo infiel,
manifestando, assim o seu amor. A Moisés, que pede para ver sua glória, Deus
responde: "Farei passar diante de ti toda a minha beleza e diante de ti
pronunciarei o nome de Iahweh" (Ex 33,18-19). E o Senhor passa diante de
Moisés e proclama: "Iahweh, Iahweh, Deus de ternura e de compaixão, lento
para a cólera e rico em amor e fidelidade" (Ex 34,6). Moisés confessa
então que o Senhor é um Deus que perdoa.
§211
O Nome divino "Eu sou" ou "Ele é" exprime a fidelidade de
Deus, que, apesar da infidelidade do pecado dos homens e do castigo que ele
merece, "guarda seu amor a milhares" (Ex 34,7). Deus revela que é
"rico em misericórdia" (Ef 2,4), indo até o ponto de dar seu próprio
Filho. Ao dar sua vida para libertar-nos do pecado, Jesus revelará que ele mesmo
traz o Nome divino: "Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então
sabereis que "EU SOU" (Jo 8,28).
§270
"TU TE COMPADECES DE TODOS, PORQUE TUDO PODES" (SB 11,23)
Deus
é o Pai Todo-Poderoso. Sua paternidade e seu poder iluminam-se mutuamente. Com
efeito, ele mostra sua onipotência paternal pela maneira como cuida de nossas
necessidades, pela adoção filial que nos outorga ("Serei para vós um pai,
e sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso": 2Cor
6,18), e finalmente por sua misericórdia infinita, pois mostra seu poder no
mais alto grau, perdoando livremente os pecados.
M.35.9
Misericórdia fruto da caridade
§1829
A caridade tem como frutos a alegria, a paz e a misericórdia exige a
beneficência e a correção fraterna; é benevolência; suscita a reciprocidade; é
desinteressada e liberal; é amizade e comunhão:
A
finalidade de todas as nossas obras é o amor. Este é o fim, é para alcançá-lo
que corremos, é para ele que corremos; uma vez chegados, é nele que
repousaremos.
M.35.10
Obras de misericórdia
§1473
O perdão do pecado e a restauração da comunhão com Deus implicam a remissão das
penas eternas do pecado. Mas permanecem as penas temporais do pecado. Suportando
pacientemente os sofrimentos e as provas de todo tipo e, chegada a hora,
enfrentando serenamente a morte, o cristão deve esforçar-se para aceitar, como
urna graça, essas penas temporais do pecado; deve aplicar-se, por inicio de
obras de misericórdia e de caridade, como também pela oração e por diversas
práticas de penitência, a despojar-se completamente do "velho homem"
para revestir-se do "homem novo".
M.35.11
Pecadores recusam a misericórdia de Deus
§1864
"Todo pecado, toda blasfêmia será perdoada aos homens, mas a blasfêmia
contra o Espírito não será perdoada" (Mt 12,31). Pelo contrário, quem a
profere é culpado de um pecado eterno. A misericórdia de Deus não tem limites,
mas quem se recusa deliberadamente a acolher a misericórdia de Deus pelo arrependimento
rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo.
Semelhante endurecimento pode levar à impenitência final e à perdição eterna.
§2091
O primeiro mandamento visa também aos pecados contra a esperança, que são o
desespero e a presunção.
Pelo
desespero, o homem deixa de esperar de Deus sua salvação pessoal, os auxílios
para alcançá-la ou o perdão de seus pecados. O desespero opõe-se à bondade de
Deus, à sua justiça porque o Senhor é fiel a suas promessas e à sua
misericórdia.
M.35.12
Significação e gêneros das obras de misericórdia
§2447
As obras de misericórdia são as ações caritativas pelas quais socorremos o
próximo em suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar,
consolar, confortar são obras de misericórdia espiritual, como também perdoar e
suportar com paciência. As obras de misericórdia corporal consistem sobretudo
em dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, dar moradia aos
desabrigados, vestir os maltrapilhos, visitar os doentes e prisioneiros,
sepultar os mortos. Dentre esses gestos de misericórdia, a esmola dada aos
pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna. E também uma
prática de justiça que agrada a Deus.
Quem
tiver duas túnicas, reparta-as com aquele que não tem, quem tiver o que comer,
faça o mesmo (Lc 3,11). Dai o que tendes em esmola, e tudo ficará puro para vós
(Lc 11,41). Se um irmão ou uma irmã não tiverem o que vestir e lhes faltar o
necessário para a subsistência de cada dia, e alguém dentre vós lhes disser
"Ide paz, aquecei-vos e saciai-vos, e não lhes der o necessário para
manutenção, que proveito haverá nisso? (Tg 2, 15-16).
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