3 de abril de 2014
On quinta-feira, abril 03, 2014 by PeJose
Celebração do Tríduo Pascal
O Tríduo Pascal
da Morte e Ressurreição do Senhor é o ponto mais alto da Liturgia. Ele é como
um sol que irradia a santidade de Deus, envolvendo todos nós na mesma santidade
divina. Derrama para todo o Ano Litúrgico as graças do Mistério Pascal de
Cristo.
Começa na
Quinta-feira Santa, na missa da noite, tem o seu centro vital na Vigília Pascal
do Sábado Santo e termina na última missa do domingo da Páscoa. Não é tríduo
preparatório para o Domingo da Páscoa, mas tríduo celebrativo do Mistério
Pascal, em três momentos. Vejamos:
QUINTA-FEIRA
SANTA
Nesse dia se
comemora:
a) – A instituição da Eucaristia, como sinal
profético do evento da Cruz - b) – A
instituição do sacerdócio ordenado e c) – O mandamento novo do amor, simbolizado no rito do Lava-pés. A
antífona de entrada vai dizer: “A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a
nossa glória: nele está nossa vida e ressurreição; foi ele que nos salvou e
libertou” (cf. Gl 6,14). A antífona portanto nos inicia na compreensão da dupla
característica de todo o Tríduo Pascal: a cruz e a glória, ou morte e ressurreição.
Aqui já é possível afirmar que não se pode compreender uma cristologia da
glória sem a relação teológica com a cristologia da cruz, e vice-versa. A nossa
fé une na verdade uma à outra, tornando-as inseparáveis.
Na Liturgia da
Quinta-Feira Santa, canta-se o Glória, mas não se canta o Aleluia, omitidos
durante toda a Quaresma. Em lugar do Aleluia, canta-se “o novo mandamento”, de
Jo 13,34. Após o Glória, o Missal prevê o silêncio do Órgão até o Glória do
Sábado Santo. Também não se recita o “Creio”, voltando este na Liturgia
Batismal da Vigília Pascal, como “reserva litúrgica”, assim como o Aleluia.
Depois da homilia, realiza-se o rito do Lava-pés, e em lugar dos ritos finais
faz-se a transladação do Santíssimo para uma capela. Desnuda-se também o altar,
pois a Igreja já se encontra no clima da Paixão e do despojamento.
EUCARISTIA: Sua celebração está unida ao sacrifício da Cruz e nos torna unidos a
ele com toda a sua força salvífica. Em cada Eucaristia que celebramos, Cristo
continua a lavar-nos os pés, convidando-nos a fazer o que ele fez. No Cenáculo,
ele quis que, pelo sacerdócio ordenado, pudéssemos celebrar com ele até o fim
dos tempos o mistério da Cruz, isto é, a sua eterna oferenda ao Pai pela
salvação de todos. Então Sacerdócio, Eucaristia e Lava-pés formam o tripé de
toda a vida cristã. O Lava-pés pode ser considerado como o ícone do amor da
Igreja.
SEXTA-FEIRA
DA PAIXÃO
Nesse dia não se
celebra a Eucaristia, mas uma Solene
Ação Litúrgica, em três momentos: Liturgia
da Palavra - Adoração da Cruz e Comunhão.
Caracteriza-se a
Liturgia da Sexta-Feira da Paixão pelo despojamento, a exemplo de Cristo. É a
liturgia do silêncio. Não há canto de entrada, mas procissão silenciosa e
prostração do sacerdote. Ministros e assembléia são convidados também a
ajoelhar-se. O sacerdote não saúda o altar nem o povo, tanto no início como no
fim, como também não diz o “Oremos”, próprio das orações presidenciais. A
Liturgia da Palavra fala do Servo Padecente (Is 52,13-53,12); do sacerdócio
único de Cristo (Hb 4,14-16; 5,7-9); e a narrativa da paixão é do evangelho de
João, onde Cristo se revela soberano, entregando a sua vida ao Pai por todos
nós, e o fazendo livremente. Como no domingo de Ramos, na leitura da Paixão não
se usa incenso nem velas. Omitem-se a saudação ao povo e o sinal da cruz sobre
o livro. No fim, diz-se “Palavra da salvação”, mas não se beija o livro.
Saibamos no
entanto que, mesmo em clima de viva paixão, nesta Liturgia a cruz não é de “dolorismo”, mas cruz triunfante, madeiro sagrado,
tanto é verdade que é adorada pelos fiéis. A cruz é o instrumento de nossa
salvação, o contrário da árvore do Gênesis, que foi o madeiro de nossa
perdição. Por isso, na celebração não são cantados somente os impropérios
(Lamentos do Senhor), mas também cantos de exaltação da cruz. No terceiro
momento, a comunhão eucarística nos leva à memória (anamnese) da celebração do
dia anterior.
VIGÍLIA
PASCAL DO SÁBADO SANTO
A Vigília Pascal
é o centro de todo o Tríduo Pascal. É a mãe de todas as santas vigílias, nas palavras
de Santo Agostinho. Daí ser a celebração mais importante da Igreja. Compõe-se
de quatro momentos: a) - Liturgia da Luz
e do Fogo - b) - Liturgia da Palavra
c) - Liturgia Batismal e d) - Liturgia Eucarística.
Liturgia
da luz:
O Círio Pascal é
preparado em bonita liturgia, onde são enfatizados títulos cristológicos de
nosso Salvador, como: “Cristo, ontem e
hoje”, “Princípio e fim”, “Alfa e Ômega”, ou “A e Z”. Inserindo no Círio o ano calendário, como que
impregnando-o da salvação de Cristo, a Liturgia vai dizer: “A ele o tempo (1º número), e a
eternidade (2º número), a glória e o
poder (3º número), pelos séculos sem
fim (4º número)”. Em seguida vem a gravação no Círio, em forma de cruz, das
cinco chagas de Cristo, com as palavras: “Por
suas santas chagas (1), suas chagas
dolorosas (2), o Cristo nosso Senhor
(3) nos proteja (4) e nos guarde”. Amém. (5). Em seguida o
Círio é aceso e elevado com as palavras: “A
luz do Cristo que ressuscita resplandecente dissipe as trevas de nosso coração
e de nossa mente”. Agora, com o tríplice “Eis a luz de Cristo”, o Círio entra na igreja, a qual, até então
apagada, se acende, como também nele os fiéis acendem suas velas. Colocado no
recipiente próprio, perto do ambão, é incensado, seguindo-se o canto do Exulte,
findo o qual os fiéis apagam suas velas, dando início à Liturgia da Palavra.
Lembremo-nos de que o Círio é o símbolo litúrgico mais importante de todo o
Tempo Pascal.
No movimento
para a igreja, quando o rito é feito noutro local, convém que apenas o Círio
Pascal guie a procissão, dispensando-se então a cruz processional e as
tochas. A explicação é simples: a Cruz e o Círio não são apenas “símbolos
litúrgicos”, mas “sinais cristológicos”, e na Liturgia deve-se evitar a
duplicidade do mesmo sinal. Quanto às tochas, estas não podem obscurecer a luz
do Círio, como que querendo completá-la. Atente-se ainda para a lógica do rito:
os fiéis é que acompanham o Círio, na lembrança feliz de Jo 8,12, onde Jesus
diz: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não caminha nas trevas, mas terá
a luz da vida".
Liturgia da palavra:
Constitui-se de
uma série de nove leituras, sendo sete do AT e duas do NT, podendo as do AT ser
reduzidas a três, mas a terceira, sobre a passagem do Mar Vermelho, não pode
ser omitida. Cada leitura é seguida de um salmo e de uma oração sálmica. A
série de leituras revela a história da salvação, culminando com a Epístola aos
Romanos, onde se afirma o valor do Batismo, pois, por ele, somos inseridos no
mistério da morte e da ressurreição do Senhor. Depois da última oração sálmica,
canta-se o Glória e reza-se a Oração do dia. Um detalhe: diferente de como
acontece na missa, o Glória é cantado no fim das leituras do AT, como transição
das promessas para a realidade. Aqui ele é visto como um salmo cristão,
bendizente e de louvor. Notemos ainda que, a partir deste momento, cessam na
Liturgia as leituras do AT até Pentecostes inclusive. É que a Igreja se vê
mergulhada na pura realização cristã da história salvífica. Continuando, pois,
a celebração, vem a Epístola aos Romanos e canta-se o Salmo aleluiático,
seguindo-se a proclamação do evangelho da ressurreição, segundo o evangelista
do ano (Mt, Mc e Lc).
Liturgia
Batismal:
É o momento mais
importante para a celebração do Batismo, principalmente de adultos. Também o
povo faz nesse momento a renovação das promessas batismais. Se não houver
Batismo nem bênção de água batismal, não se canta a Ladainha de Todos os
Santos. Nesse caso, o sacerdote apenas benze a água para aspersão dos fiéis,
com a qual se encerra a Liturgia Batismal.
Liturgia
Eucarística:
Começa já nas
preces dos fiéis, pois a Liturgia da Palavra já foi celebrada antes.
Caracteriza-se pela alegria e pelo tom pascal, que vai depois ressoar até
Pentecostes.
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