3 de abril de 2014
On quinta-feira, abril 03, 2014 by PeJose
CUIDAR
A LITURGIA
1. Cuidar a Liturgia
Diz-se que quem ama cuida. É
verdade! E quem não ama, não cuida. Isto também é verdade![1]
Cuidar no sentido de preocupar-se
com, interessar-se por, dar atenção à, envolver-se com, estar atento por, tirar
tempo com. O cuidado e cuidador são expressões por demais valorizadas pela pós-modernidade.
Quem recebe o encargo de cuidar de alguém ou algum valor, torna-se confiável de
quem se confiou. Nesta lógica, quem confiou, tornou-se u fiador a quem fiou.
A Igreja confia aos fiéis o cuidado
do “Mistério da Fé”[2], visível
na liturgia. E, em se tratando de liturgia, o cuidado é dobrado pois, quem
cuida da celebração, cuida da ação ritual e das pessoas que a constituem.
Particularmente, no ano da fé, a liturgia
precisa de um olhar especial, demorado, cuidadoso, amoroso, pois nela os fiéis
fazem a experiência de se configurar ao seu Senhor e dele aprenderem a viver
“os seus sentimentos”(Fl 2,5).
2. Cuidar de quem?
1º. Cuide da assembleia
reunida – por ela a Igreja se edifica![3]
- Que
as pessoas sejam acolhidas e ternamente envolvidas. Mas se a acolhida é
dispersiva, não contribui e multiplica os ruídos.
- Que
as pessoas sejam respeitadas, no quanto conseguem acompanhar, de tudo o
que são convidadas a participar.
- Que
as pessoas sejam introduzidas no Mistério. Quem veio, veio para rezar.
Então colabore para que haja ambiente de silêncio e oração. E se alguém,
ao seu lado, puxar assunto, diga-lhe, pelo olhar, que ali não é o lugar.
2º. Cuide do presbítero
que preside – por ele o próprio Senhor preside![4]
- Permita-lhe
que se concentre, se prepare, silencie. Não é hora de lhe dar informações
e de pedir informações. Não é ele quem deve decidir o que fazer se os
cantores não vieram ou se os leitores faltaram. Ou se “pode isso ou se pode
aquilo”. Se não houve preparação, assim, aconteça a ação.
- Permita-lhe
que, às vezes, fique zangado com o zumbido da “colméia” que o rodeia.
Perdoe-lhe e noutra vez, relembrem que depois de mesa posta não se briga
nela.
- Permita-lhe
o sagrado silêncio que o lugar exige. Várias igrejas foram construídas com
duas sacristias: uma, ao padre, que, antes, deve centrar-se no Mistério, a
outra, a outros fins. Hoje, em alguns lugares, uma virou almoxarifado,
outra um enxame de abelhas.
3º Cuide dos leitores –
por eles é o próprio Senhor quem fala![5]
·
Mostre-lhes
que a leitura do folheto é a mesma que está no Lecionário[6] e
que este é mais simbólico. O primeiro vai para o lixo na segunda, o segundo,
vai do ambão para a sacristia[7] e,
volta sempre novo, de novo. Mas não basta dizer, faça-lhes ver e ler! Contudo,
recomende-lhes que o tenha, junto ao assento, para salvar-lhes na hora do
“desalento”. Leitura bem feita dá gosto de ouvir.
·
Mostre-lhes
o leve movimento do microfone, para cima e para baixo, se necessário. Um se
ajuste ao outro, mas com calma
·
Mostre-lhes
o texto, antes, para que, depois, não haja pretexto.
3.Cuidar do que? Pelos
sinais a comunidade se constrói!(cf. Lc 24, 13-35).
1º. Cuide que haja
partículas suficientes para a missa do dia, o vinho e a água.
- Compor
a credência com os vasos sagrados é tarefa dos ministros da comunhão e dos
coroinhas. Não havendo nenhum deles, uma pessoa idônea, o fará.
2º. Cuide da “entrega”
dos folhetos e dos livros de cantos.
- De
tempo em tempo haja um revezamento com catequizandos, crismandos e demais
membros da comunidade. Cuide para que os primeiros que chegam não fiquem
com tudo. Normalmente os primeiros que chegam são os que já sabem os
cantos e as respostas de cor. E, os demais que realmente precisam da letra
ficam sem nada.
3º. Cuide da coleta na
missa
- Quando
há procissão, duas pessoas disponham o “recipiente”, no corredor, à frente
do altar, e, em seguida, o deponham “aos pés do altar”, feito de tal modo
que transpareça a ação da partilha e não a dos pedintes;
- Se a
coleta for de mão em mão, duas pessoas entreguem aos primeiros dos
primeiros lugares. Recordo-lhes que o gesto será diferenciado se os
primeiros à frente derem o exemplo. Após, deponham “aos pés do altar”.
- Ao
final da missa, confiram e anotem o resultado. Em coletas especiais e
obrigatórias, no domingo seguinte, agradeça a colaboração e divulgue o
resultado, repetindo a destinação.
4. Cuidar é próprio de
quem ama – Pelo testemunho os reconhecerão!(Cf. Jo 13,1-11)
Então, mãos à Obra.[8]
Sem jogo de empurra-empurra. Ao convidar a todos, dizendo a todos que todos são
responsáveis não atinge ninguém. Um espera pelo outro, que espera pelo outro, e
ambos esperam que outros tenham ido e no fim nenhum foi. Como a liturgia é feita
com pessoas, proponho uma forma:
1º. O padre comece por
convidar para uma reunião, 3 a 5 pessoas, entre os já ajudam na liturgia.
- Tomem
juntos um “bom café” e depois façam uma lista com nomes de pessoas que aceitem
o desafio de cuidarem das celebrações, “preparando as pessoas, os lugares,
os textos e os ritos”.[9]
2º. O padre diga que
sentido da reunião em maior número,
não é somente para distribuir funções na missa. Mas para rezar juntos, estudar
juntos, ensaiar juntos e, depois da oração e dos ensaios, tomarem “um
café-com-leite mais reforçado” juntos.
3º. Quem ama, cuida a
Obra, quem não ama não se importa e, cuida de si
- Quem
ama encontra tempo, retira o carro da garagem ou arruma carona, e
participa, faz parte “da lista”. Quem ama não deixa que só “a fulana e o
fulano” carreguem o peso sozinho. Quem ama dá um jeito e ajeita. Que não
ama arruma desculpa e se justifica, lava as mãos. Quem ama, encara o
desafio com fé, e ajuda a convencer a si e a outros que ajudar é a melhor
maneira de amar.
Para Conversar:
Retomemos as perguntas:
Como entendemos o “Cuidar a Liturgia”?
Na celebração “Cuidar de quem”? “Cuidar do que”?
Para que tenhamos um “bom cuidado da liturgia”, o que se
faz necessário?
[1] O
livro “Saber cuidar” de Leonardo Boff (1999) que trata do cuidado pela terra,
serve de inspiração.
[2]
Aclamação Memorial, feita pelo presidente da celebração,diante da assembleia,
lembrando as palavras de Paulo em 1Cor 11,26.
[3]
Carta Encíclica “Ecclesia de Eucharistia”, cap, II
[4]
Sacrosanctum Concilium, n. 7. Falando sobre a presidência do ministro ordenado,
citando a Instrução Geral do Missal Romano, n. 92-95, diz o “Guia Litúrgico Pastoral” da CNBB, p.
93, que este ministério “situa-se no horizonte da unidade, da animação, da
coordenação e da presidência da comunidade e das ações litúrgicas”.
[5]
Idem, n.7.
[6] Livro
que contém todos os textos bíblicos para a Celebração da Eucaristia.
Constitui-se pela sequência do ano litúrgico A (Mateus); B (Marcos) e C(Lucas).
2013 é o ano C.
[7] “A
sacristia faz parte do templo, por isso seja harmoniosa e bem arrumada. Ela é
lugar do respeito, do silêncio, da concentração de quem preside, ministros(as),
coroinhas e demais participantes da equipe da celebração. O objetivo da
sacristia é favorecer sempre a harmonia e a acolhida”. CNBB. Guia Litúrgico
Pastoral, p.114.
[8] Trata-se
da Obra da Salvação, prenunciada por Deus, realizada em Cristo. (cf. SC n. 5).
[9] Missal
Romano, n. 1.
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