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3 de abril de 2014

On quinta-feira, abril 03, 2014 by PeJose
"Ainda não se deu à Pastoral Litúrgica a prioridade que lhe corresponde dentro da pastoral de conjunto” (DP 901).


Nestas quatro décadas, sobretudo depois da promulgação da Constituição “Sacrosanctum Concilium”, muito se fez pela renovação litúrgica. As mudanças, em alguns casos, foram radicais: missa celebrada na língua local, maior participação da comunidade, ministros leigos e outras novidades que deixaram muitas pessoas desanimadas, a ponto de dizerem: “Gostava mais da missa quando era rezada de costas e em latim!”. Mas, contrariamente a essas pessoas, muitos vibraram com as mudanças e passaram a exigir uma renovação que respondesse realmente às exigências dos tempos. Não há dúvida, um grande caminho foi feito, contudo, há ainda situações que continuam preocupando a Igreja:
• A fraca participação da comunidade celebrante. Anteriormente a culpa parecia estar toda no fato de a liturgia estar quase que exclusivamente na mão do clero. De fato, havia muita razão para essa queixa. Mas, qual seria agora a razão da fraca participação em muitas celebrações?
• Exageros litúrgicos cometidos por certos movimentos da Igreja. Isso já chegou a provocar reiteradas intervenções da Igreja. Fica a pergunta: O que fazer para que a liturgia seja fonte e cume da vida e das atividades da comunidade? (cf. SC 10).

PREPARAR É O CAMINHO

Quem celebra a liturgia de forma ativa, participada, entra mais facilmente na dinâmica comunitária e eclesial da solidariedade e da doação da vida para a construção do Reino, assim como Jesus indicou e testemunhou. Mas, para que isso aconteça, a ação litúrgica deve ser entendida e bem preparada.
Ouve-se ainda queixas desse tipo: a missa foi cansativa, os cantos desafinados, o instrumental exageradamente alto, as leituras feitas sem expressão, a homilia abstrata e pouco voltada para a vida... Mas como ter uma boa proclamação da Palavra se o leitor for improvisado, sem capacidade ou preparação nenhuma? A música e os cantos são de uma importância extraordinária na liturgia, mas como alcançar isso se os cantos não forem apropriados e bem executados, envolvendo, de preferência, também a comunidade? Por isso, tudo deve ser preparado com antecedência e com capricho.

PASTORAL LITÚRGICA

A pastoral litúrgica coordena toda a liturgia da comunidade paroquial. Nela os cristãos, reunidos em comunidade, alimentados pela Palavra, expressam e fortificam a sua fé em Cristo, morto e ressuscitado, e reassumem o desafio de, na força do Espírito, fazer novas todas as coisas.
A celebração sempre reacende a Esperança na utopia do Reino e provoca a experiência do Deus-comunhão, entre homens e mulheres.
A celebração é um diálogo de comunhão com Deus. É uma experiência comunitária viva e pessoal da nossa participação na vida trinitária.
A ação da equipe de liturgia é um ministério. As equipes nascem com a finalidade de promover a ação pastoral litúrgica em todos os níveis da Igreja.
Dito isso, é fácil entender a necessidade, em cada comunidade, da Pastoral Litúrgica. Dela devem fazer parte pessoas com uma forte espiritualidade e sensibilidade litúrgica. É tarefa desta pastoral organizar com competência e criatividade toda a ação litúrgica que acontece na comunidade, preparando pessoas, dividindo tarefas e criando aquele clima que ajude a vivenciar as sublimes realidades que devem nos conduzir a uma forte experiência de Deus e a nos engajar na transformação do mundo.
“Pastoral Litúrgica é o modo de organizar a comunidade, visando a formação litúrgica, a preparação e a realização de celebrações”.
 
Como na comunidade existem várias funções, assim na liturgia devem existir pessoas que assumam as diversas responsabilidades: músicos, leitores, acólitos, celebrante, salmistas, cerimoniários, decoradores de ambiente, comentaristas e por aí vai.
N a t u r a l - mente, entre eles, deve haver alguém que organize e coordene, realizando o chamado tripé da Pastoral Litúrgica: organização, formação e preparação.

ORGANIZAÇÃO: articular toda a liturgia da comunidade distribuindo as responsabilidades às equipes.
• FORMAÇÃO: se não houver formação litúrgica das equipes e da própria comunidade, teremos uma comunidade que celebra sem vida.
• PREPARAÇÃO: a improvisação torna as celebrações chatas e pouco participativas.

CONCLUINDO


Pastoral Litúrgica ainda não é levada a sério por muitas comunidades que nem sequer têm equipes próprias para isso. Uma liturgia bem organizada, sem improvisações, é resultado de uma equipe que pensa, organiza, prepara e põe vida e arte em sua realização. Precisamos evitar, a “pastoral do laço”:

Dez minutos, quando não menos, laça-se alguém que está chegando mais cedo para que faça uma leitura, escolha uns cantos, etc. Errado! A comunidade dos fiéis merece muito mais que isso. E Deus, a quem se deve honra e glória, merece ainda mais de nós!