17 de outubro de 2013
On quinta-feira, outubro 17, 2013 by Pe. Lucione Queiroz
TEMA: "Inspirados em São Francisco reconstruiremos a igreja"
Convidamos aos devotos e devotas de para participarm da Festa em homenagem ao São Francisco, que acontecerá no período de 18 a 27/10/2013 na Capela de São Francisco na sedede nosso. Municipio em Coreaú.
Todos os dias A partir das 19h teremos novena e missa.
Logo após momento social ao lado da Capela.
Venha com sua família para que unidos aos demais irmãos na fé possamos viver este tempo de graça, de fé e renovar a nossa missão evangelizadora para reconstruirmos a igreja de Cristo que esta presente e dentro de cada um de nós.
Pe. JLucione, Pe. Florencio e CPP da Sede.
On quinta-feira, outubro 17, 2013 by Pe. Lucione Queiroz
"Esta é a beleza da Igreja: a presença de Jesus Cristo entre nós", disse Papa Francisco
Texto completo da audiência do santo padre. Três significados do adjetivo apostólico aplicado à Igreja
- Roma, (Zenit.org) | 193 visitas
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Quando recitamos o Credo dizemos: “Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica”. Não sei se vocês já refletiram sobre o significado que tem a expressão “a Igreja é apostólica”. Talvez qualquer vez, vindo a Roma, vocês tenham pensado na importância dos Apóstolos Pedro e Paulo que aqui doaram as suas vidas para levar e testemunhar o Evangelho.
Mas é mais que isso. Professar que a Igreja é apostólica significa destacar a ligação constitutiva que essa possui com os Apóstolos, com aquele pequeno grupo de doze homens que Jesus um dia chamou a si, chamou-os pelo nome, para que permanecessem com Ele e para enviá-los a pregar (cfr Mc 3, 13-19). “Apóstolo”, de fato, é uma palavra grega que quer dizer “mandado”, “enviado”. Um apóstolo é uma pessoa que é mandada, é enviada a fazer alguma coisa e os Apóstolos foram escolhidos, chamados e enviados por Jesus para continuar a sua obra, para orar – é o primeiro trabalho de um apóstolo – e, segundo, anunciar o Evangelho. Isso é importante porque quando pensamos nos Apóstolos poderíamos pensar que foram somente anunciar o Evangelho, fazer tantas obras. Mas nos primeiros tempos da Igreja houve um problema porque os Apóstolos deviam fazer tantas coisas e então formaram os diáconos, para que houvesse para os Apóstolos mais tempo para pregar e anunciar a Palavra de Deus. Quando pensamos nos sucessores dos Apóstolos, os Bispos, incluindo o Papa, porque ele também é um bispo, devemos perguntar-nos se este sucessor dos Apóstolos primeiro reza e depois se anuncia o Evangelho: isto é ser Apóstolo e por isto a Igreja é apostólica. Todos nós, se queremos ser apóstolos como explicarei agora, devemos perguntar-nos: eu rezo pela salvação do mundo? Anuncio o Evangelho? Esta é a Igreja apostólica! É uma ligação constitutiva que temos com os Apóstolos.
Partindo propriamente disto gostaria de destacar brevemente três significados do adjetivo “apostólico” aplicado à Igreja.
1. A Igreja é apostólica porque é fundada na pregação e na oração dos Apóstolos, sobre a autoridade que foi dada a eles pelo próprio Cristo. São Paulo escreve aos cristãos de Éfeso: “Sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus” (2, 19-20); compara, isto é, os cristãos a pedras vivas que formam um edifício que é a Igreja, e este edifício é fundado sobre os Apóstolos, como colunas, e a pedra que apoia tudo é o próprio Jesus. Sem Jesus não pode existir a Igreja! Jesus é justamente a base da Igreja, o fundamento! Os Apóstolos viveram com Jesus, escutaram as suas palavras, partilharam a sua vida, sobretudo foram testemunhas da sua Morte e Ressurreição. A nossa fé, a Igreja que Cristo quis, não se baseia em uma ideia, em uma filosofia: baseia-se no próprio Cristo . E a Igreja é como uma planta que ao longo dos séculos cresceu, desenvolveu-se, deu frutos, mas as suas raízes estão bem plantadas Nele e a experiência fundamental de Cristo que tiveram os Apóstolos, escolhidos e enviados por Jesus, chega até nós. Daquela planta pequenina aos nossos dias: assim a Igreja está em todo o mundo.
2. Mas perguntemo-nos: como é possível para nós nos conectarmos com aquele testemunho, como pode chegar até nós aquilo que viveram os Apóstolos com Jesus, aquilo que escutaram Dele? Eis o segundo significado do termo “apostolicidade”. O Catecismo da Igreja Católica afirma que a Igreja é apostólica porque “protege e transmite, com a ajuda do Espírito Santo que nela habita, o ensinamento, o depósito precioso, as salutares palavras ouvidas da boca dos Apóstolos” (n. 857). A Igreja conserva ao longo dos séculos este precioso tesouro que é a Sagrada Escritura, a doutrina, os Sacramentos, o ministério dos Pastores, de forma que possamos ser fiéis a Cristo e participar da sua própria vida. É como um rio que flui na história, desenvolve-se, irriga, mas a água que escorre é sempre aquela que parte da fonte, e a fonte é o próprio Cristo: Ele é o Ressuscitado, Ele é o Vivo, e as suas palavras não passam, porque Ele não passa, Ele está vivo, Ele está entre nós hoje aqui, Ele nos sente e nós falamos com Ele e Ele nos escuta, está no nosso coração. Jesus está conosco hoje! Esta é a beleza da Igreja: a presença de Jesus Cristo entre nós. Sempre pensamos quanto é importante este dom que Jesus nos deu, o dom da Igreja, onde podemos encontrá-Lo? Sempre pensamos em como é justamente a Igreja no seu caminho ao longo dos séculos – apesar das dificuldades, dos problemas, das fraquezas, dos nossos pecados – que nos transmite a autêntica mensagem de Cristo? Doa-nos a segurança de que aquilo em que acreditamos é realmente aquilo que Cristo nos comunicou?
3. O último pensamento: a Igreja é apostólica porque é enviada a levar o Evangelho a todo o mundo. Continua no caminho da história a mesma missão que Cristo confiou aos Apóstolos: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que eu vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 19-20). Isto é aquilo que Jesus nos deu para fazer! Insisto neste aspecto da missionariedade, porque Cristo convida todos a “ir” ao encontro dos outros, envia-nos, pede-nos para nos movermos e levar a alegria do Evangelho! Mais uma vez perguntemo-nos: somos missionários com a nossa palavra, mas, sobretudo, com a nossa vida cristã, com o nosso testemunho? Ou somos cristão fechados no nosso coração e nas nossas igrejas, cristãos de sacristia? Cristãos só nas palavras, mas que vivem como pagãos? Devemos fazer-nos estas perguntas, que não são uma repreensão. Também eu digo a mim mesmo: como sou cristão, com o testemunho verdadeiro?
A Igreja tem as suas raízes no ensinamento dos Apóstolos, testemunhas autênticas de Cristo, mas olha para o futuro, tem a firme consciência de ser enviada – enviada por Jesus – a ser missionária, levando o nome de Jesus com a oração, o anúncio e o testemunho. Uma Igreja que se fecha em si mesma e no passado ou uma Igreja que olha somente para as pequenas regras de hábitos, de atitudes é uma Igreja que trai a própria identidade; uma Igreja que trai a própria identidade! Então, redescubramos hoje toda a beleza e a responsabilidade de ser Igreja apostólica! E lembrem-se: Igreja apostólica porque rezamos – primeira tarefa – e porque anunciamos o Evangelho com a nossa vida e com as nossas palavras.
(Tradução Canção Nova/ Jéssica Marçal)
9 de outubro de 2013
On quarta-feira, outubro 09, 2013 by Pe. Lucione Queiroz
A Igreja é católica porque é a casa de todos
Catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira
Cidade do Vaticano 09 de outubro de 2013
Queridos irmãos e irmãs, bom dia! Vê-se que hoje, com esta bruta jornada, vocês são corajosos: parabéns!
“Creio na Igreja una, santa, católica…” Hoje nos concentramos em refletir sobre este aspecto da Igreja: digamos católica, é o Ano da catolicidade. Antes de tudo: o que significa católico? Deriva do grego “kath’olòn” que quer dizer “segundo o tudo”, a totalidade. Em que sentido esta totalidade se aplica à Igreja? Em que sentido nós dizemos que a Igreja é católica? Em diria que em três significados fundamentais.
1. O primeiro. A Igreja é católica porque é o espaço, a casa na qual vem anunciada toda a fé, por inteiro, na qual a salvação que nos trouxe Jesus é oferecida a todos. A Igreja nos faz encontrar a misericórdia de Deus que nos transforma porque nessa está presente Jesus Cristo, que lhe doa a verdadeira confissão de fé, a plenitude da vida sacramental, a autenticidade do ministério ordenado. Na Igreja, cada um de nós encontra o que é necessário para crer, para viver como cristãos, para tornar-se santo, para caminhar em todo lugar e em todo tempo.
Para dar um exemplo, podemos dizer que é como na vida em família; na família, a cada um de nós é dado tudo aquilo que nos permite crescer, amadurecer, viver. Não se pode crescer sozinho, não se pode caminhar sozinho, isolando-se, mas se caminha e se cresce em uma comunidade, em uma família. E assim é na Igreja! Na Igreja nós podemos escutar a Palavra de Deus, seguros de que é a mensagem que o Senhor nos doou; na Igreja podemos encontrar o Senhor nos Sacramentos que são as janelas abertas através das quais nos é dada a luz de Deus, dos córregos nos quais traçamos a própria vida de Deus; na Igreja aprendemos a viver a comunhão, o amor que vem de Deus. Cada um de nós pode perguntar-se hoje: como eu vivo na Igreja? Quando eu vou à Igreja, é como se eu fosse ao estádio, a uma partida de futebol? É como se eu fosse ao cinema? Não, é outra coisa. Como eu vou à Igreja? Como acolho os dons que a Igreja me oferece para crescer, para amadurecer como cristão? Participo da vida de comunidade ou vou à Igreja e me fecho nos meus problemas isolando-me do outro? Neste primeiro sentido, a Igreja é católica porque é a casa de todos. Todos são filhos da Igreja e todos estão nesta casa.
2. Um segundo significado: a Igreja é católica porque é universal, está espalhada em toda parte do mundo e anuncia o Evangelho a todo homem e a toda mulher. A Igreja não é um grupo de elite, não diz respeito somente a alguns. A Igreja não tem trancas, é enviada à totalidade das pessoas, à totalidade do gênero humano. E a única Igreja está presente também nas menores partes desta. Todo mundo pode dizer: na minha paróquia está presente a Igreja católica, porque também essa é parte da Igreja universal, também essa tem a plenitude dos dons de Cristo, a fé, os Sacramentos, o ministério; está em comunhão com o Bispo, com o Papa e está aberta a todos, sem distinções. A Igreja não está só na sombra do nosso campanário, mas abraça uma imensidão de pessoas, de povos que professam a mesma fé, alimentam-se da mesma Eucaristia, são servidas pelos mesmos Pastores. Sentir-nos em comunhão com todas as Igrejas, com todas as comunidades católicas pequenas ou grandes do mundo! É bonito isto! E depois sentirmos que estamos todos em missão, pequenas ou grandes comunidades, todos devemos abrir as nossas portas e sair pelo Evangelho. Perguntemo-nos então: o que faço eu para comunicar aos outros a alegria de encontrar o Senhor, a alegria de pertencer à Igreja? Anunciar e testemunhar a fé não são tarefas de poucos, diz respeito também a mim, a você, a cada um de nós!
3. Um terceiro e último pensamento: a Igreja é católica porque é a “Casa da harmonia” onde unidade e diversidade combinam-se para ser uma riqueza. Pensemos na imagem da sinfonia, que quer dizer acordo, harmonia, diversos instrumentos tocando juntos; cada um mantém o seu timbre inconfundível e as suas características de som têm algo em comum. Depois tem o guia, o diretor, e na sinfonia que vem apresentada todos tocam juntos em “harmonia”, mas não é cancelado o timbre de algum instrumento: a peculiaridade de cada um, antes, é valorizada ao máximo!
É uma bela imagem que nos diz que a Igreja é como uma grande orquestra na qual há variedade. Não somos todos iguais e não devemos ser todos iguais. Todos somos diversos, diferentes, cada um com as próprias qualidades. E este é o bonito da Igreja: cada um leva o seu, aquilo que Deus lhe deu, para enriquecer os outros. E entre os componentes há esta diversidade, mas é uma diversidade que não entra em conflito, não se contrapõe; é uma variedade que se deixa unir em harmonia pelo Espírito Santo; é Ele o verdadeiro “Mestre”, Ele mesmo está em harmonia. E aqui perguntamo-nos: nas nossas comunidades vivemos a harmonia ou brigamos entre nós? Na minha comunidade paroquial, no meu movimento, onde eu faço parte da Igreja, há fofocas? Se há fofocas, não há harmonia, mas luta. E isto não é Igreja. A Igreja é harmonia de todos: nunca fofocar um contra o outro, nunca brigar! Aceitamos o outro, aceitamos que haja uma certa variedade, que isto seja diferente, que este pensa de um modo ou de outro – mas na mesma fé se pode pensar diferente – ou tendemos a uniformizar tudo? Mas a uniformidade mata a vida. A vida da Igreja é variedade, e quando queremos colocar esta uniformidade sobre todos matamos os dons o Espírito Santo. Rezemos ao Espírito Santo, que é propriamente o autor desta unidade na variedade, desta harmonia, para que nos torne sempre mais “católicos”, isso é, nessa Igreja que é católica e universal! Obrigado.
13 de agosto de 2013
On terça-feira, agosto 13, 2013 by Pe. Lucione Queiroz
RESENHA DA EXORTAÇÃO
EXORTAÇÃO APOSTÓLICA FAMILIARIS CONSORTIO DE SUA SANTIDADE JOÃO PAULO II AO EPISCOPADO AO CLERO E AOS FIÉIS DE TODA A IGREJA CATÓLICA SOBRE A FUNÇÃO DA FAMÍLIA CRISTÃ NO MUNDO DE HOJE
EXORTAÇÃO APOSTÓLICA FAMILIARIS CONSORTIO DE SUA SANTIDADE JOÃO PAULO II AO EPISCOPADO AO CLERO E AOS FIÉIS DE TODA A IGREJA CATÓLICA SOBRE A FUNÇÃO DA FAMÍLIA CRISTÃ NO MUNDO DE HOJE
MACEIÓ/2009
O A Exortação Apostólica Familiaris Consortio, escrito por João Paulo II em 22 de novembro de 1981, é um documento magisterial, cujo objetivo principal é a preservação da unidade da família cristã sobre sua principal e única estrutura, o matrimônio, perante os conturbados e libertinos pensamentos e comportamentos refletidos pelos tempos atuais; portanto, o Papa chama a toda a Igreja, bispos, clero e fiéis, e exorta-os à reflexão e prática deste documento magisterial em todos os ângulos do cotidiano: teológico, social, antropológico educacional e psicológico, para que assim, a identidade familiar cristã seja total e completa, em todas as gerações, segundo os caminhos designados por Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Na introdução de sua obra, ao falar da Igreja ao serviço da família, o Papa proclama sobre a importância da família para a Igreja, e sua preocupação centra-se no matrimônio e no papel evangelizador da família, mesmo perante as transformações ocorridas na sociedade do mundo atual. Com isto cita o Sínodo de 1980 e o Sínodo predecessor, os quais reafirmam a importância da responsabilidade da família ao anunciar o “Evangelho à pessoa humana em crescimento e a levá-la, através de uma catequese e educação progressiva, à plenitude da maturidade humana e cristã, pois, “enquanto comunidade educativa, a família deve ajudar o homem a discernir a própria vocação e a assumir o empenho necessário para uma maior justiça, formando-o desde o início, para relações interpessoais, ricas de justiça e de amor”. Pelo fato da Igreja estar profundamente convencida de que “só com o acolhimento do Evangelho encontra realização plena toda a esperança que o homem põe legitimamente no matrimônio e na família”, e que ambos complementam-se em Cristo, torna-se então fundamental a missão da família “de proclamar a todos o desígnio de Deus sobre o matrimônio e sobre a família, para lhes assegurar a plena vitalidade e promoção humana e cristã, contribuindo assim para a renovação da sociedade e do próprio Povo de Deus”. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 1-2).
Na primeira parte, Luzes e Sombras da Família de Hoje, o Papa salienta que a Igreja esforça-se continuamente em tomar conhecimento do patamar que o matrimonio e a família está nos dias de hoje, por ser imprescindível para a evangelização e que o discernimento efetuado pela Igreja, seja por leigos ou por pastores, ”torna-se oferta para orientação que salvaguarde e realize a inteira verdade e a plena dignidade do matrimônio e da família”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 3).
Ele separa em dois aspectos o patamar atual onde está a família, positivos e negativos: nos aspectos positivos é o da “salvação de Cristo operante no mundo” e nos aspectos negativos “da recusa que o homem faz ao amor de Deus”. Ele ressalta também que no último aspecto, o negativo, está a “liberdade concebida não como capacidade de realizar a verdade do projeto de Deus sobre o matrimônio e a família, mas como força autônoma de afirmação, não raramente contra os outros, para o próprio bem-estar egoístico”. “(JOÃO PAULO II, 1981, p. 4).
Onde determina que somente pela “educação para o amor, radicada na fé, pode levar a adquirir a capacidade de interpretar «os sinais dos tempos», que são a expressão histórica deste duplo amor”. Por isso é necessário o empenho da evangelização sobre a nova cultura estatizada, mostrando os verdadeiros valores e que “sejam defendidos os direitos do homem e da mulher e seja promovida a justiça também nas estruturas da sociedade”, mesmo em presença do novo humanismo, pois na construção deste, a ciência e a tecnologia favorecem novas e imensas possibilidades. “Todavia, a ciência, em conseqüência de posições políticas que decidem a direção de investigações e aplicações, é muitas vezes usada contra o seu significado originário, a promoção da pessoa humana”. É onde, a Igreja pede à família cristã “uma conversão contínua, permanente, que, embora exigindo o afastamento interior de todo o mal e a adesão ao bem na sua plenitude, se atua concretamente em passos que conduzem sempre para além dela”. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 5-6).
Na segunda parte, O Desígnio de Deus sobre o Matrimônio e sobre a Família, o Papa aponta que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança: “chamando-o à existência por amor, chamou-o ao mesmo tempo ao amor”, que “O amor abraça também o corpo humano e o corpo torna-se participante do amor espiritual” e que a “Revelação cristã conhece dois modos específicos de realizar a vocação da pessoa humana na sua totalidade ao amor: o Matrimônio e a Virgindade. Quer um quer outro, na sua respectiva forma própria, são uma concretização da verdade mais profunda do homem, do seu «ser à imagem de Deus”, e por isso a sexualidade é mais do que um impulso biológico, “ela é parte integral do amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o outro até à morte”. Fica claro, portanto, que a fidelidade a ambos, à virgindade e ao matrimonio, “Longe de mortificar a liberdade da pessoa, esta fidelidade põe-na em segurança em relação ao subjetivismo e relativismo, faz participante da Sabedoria Criadora”. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 7-8).
“Os esposos cristãos têm, portanto o direito de esperar das pessoas virgens o bom exemplo e o testemunho da fidelidade à sua vocação até à morte. Como para os esposos a fidelidade se torna às vezes difícil e exige sacrifício, mortificação e renúncia, também o mesmo pode acontecer às pessoas virgens. A fidelidade destas, mesmo na provação eventual, deve edificar a fidelidade daqueles”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 11).
Citando Tertuliano, o Papa relata que pelo matrimônio, marido e mulher: “São irmãos e servem conjuntamente sem divisão quanto ao espírito, quanto à carne. Mais, são verdadeiramente dois numa só carne e donde a carne é única, único é o espírito”, e que um dos sete sacramentos da Nova Aliança é o matrimônio dos batizados: “mediante o batismo, o homem e a mulher estão definitivamente inseridos na Nova e Eterna Aliança, na Aliança nupcial de Cristo com a Igreja. E é em razão desta indestrutível inserção que a íntima comunidade de vida e de amor conjugal, fundada pelo Criador (31), é elevada e assumida pela caridade nupcial de Cristo, sustentada e enriquecida pela sua força redentora”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 9).
O Papa sustenta a procriação do matrimônio, como “reflexo vivo do seu amor, sinal permanente da unidade conjugal e síntese viva e indissociável do ser pai e mãe” e que ao se tornarem pais recebem de Deus a responsabilidade de serem para os filhos “o sinal visível do próprio amor de Deus, «do qual deriva toda a paternidade no céu e na terra”. Porém, ressalta, quando não há possibilidade de haver procriação, há a chance de os cônjuges prestarem serviços “importantes à vida da pessoa humana, como por exemplo, a adoção, as várias formas de obras educativas, a ajuda a outras famílias, às crianças pobres ou deficientes”. “O matrimônio e a família dos cristãos edificam a Igreja: na família, de fato, a pessoa humana não só é gerada e progressivamente introduzida, mediante a educação, na comunidade humana, mas mediante a regeneração do batismo e a educação na fé, é introduzida também na família de Deus, que é a Igreja”. JOÃO PAULO II, 1981, p.10).
A terceira parte, Os Deveres da Família Cristã, O Papa reafirma a missão da família a qual deve ser cada vez mais aquilo que é uma: “comunidade de vida e de amor, numa tensão que, como para cada realidade criada e redimida, encontrará a plenitude no Reino de Deus. E numa perspectiva que atinge as próprias raízes da realidade, deve dizer-se que a essência e os deveres da família são, em última análise, definidos pelo amor. Por isto é-lhe confiada a missão de guardar, revelar e comunicar o amor, qual reflexo vivo e participação real do amor de Deus pela humanidade e do amor de Cristo pela Igreja, sua esposa”. O Sínodo dividiu em 4 os deveres da família. O dever número I, A Formação de uma Comunidade de Pessoas, reza que a primeira tarefa da família é “a de viver fielmente a realidade da comunhão num constante empenho por fazer crescer uma autêntica comunidade de pessoas”. Ressalta a importância do matrimônio, da educação dos filhos, da construção da unidade familiar, da comunhão entre todos os parentes. (JOÃO PAULO II, 1981, p.12).
O Papa invoca a todos os cônjuges cristãos a compartilhar o pleno amor de Jesus Cristo, na indissolubilidade do casamento, pois o que Deus uniu homem algum há de separar.
Papa também condena a poligamia, a qual contradiz tal comunhão e reafirma a importância do sacramento.
“O dom do sacramento é, ao mesmo tempo, vocação e dever dos esposos cristãos, para que permaneçam fiéis um ao outro para sempre, para além de todas as provas e dificuldades, em generosa obediência à santa vontade do Senhor: «O que Deus uniu, não o separe o homem”. (JOÃO PAULO II, 1981, p.14).
E ao falar da comunhão da comunidade em geral o Papa ressalta que: “Todos os membros da família, cada um segundo o dom que lhe é peculiar, possuem a graça e a responsabilidade de construir, dia após dia, a comunhão de pessoas, fazendo da família uma escola de humanismo mais completo e mais rico, é o que vemos surgir com o cuidado e o amor para com os mais pequenos, os doentes e os anciãos; com o serviço recíproco de todos os dias; com a co-participação nos bens, nas alegrias e nos sofrimentos”. (JOÃO PAULO II, 1981, p.15).
O Papa afirma a importância do papel da mulher, o qual encontra forte respaldo: ”Portanto a Igreja pode e deve ajudar a sociedade atual pedindo insistentemente que seja reconhecido por todos e honrado no seu insubstituível valor o trabalho da mulher em casa. Isto é de importância particular na obra educativa: de fato, elimina-se a própria raiz da possível discriminação entre os diversos trabalhos e profissões, logo que se veja claramente como todos, em cada campo, se empenham com idêntico direito e com idêntica responsabilidade. Deste modo aparecerá mais esplendente a imagem de Deus no homem e na mulher”. (JOÃO PAULO II, 1981, p.15).
Quanto às crianças, apenas um parágrafo é suficiente para designar o pensamento correto e abençoado: “revelar e repetir na história o exemplo e o mandamento de Cristo, que quis pôr a criança em destaque no Reino de Deus: Deixai vir a Mim os pequeninos e não os impeçais, pois deles é o reino de Deus”. (JOÃO PAULO II, 1981, p.18).
E quanto aos anciãos o Papa incentiva uma ação pastoral da Igreja para estimular a: “todos a descobrir e a valorizar as tarefas dos anciãos na comunidade civil e eclesial, e, em particular, na família. Na realidade, «a vida dos anciãos ajuda-nos a esclarecer a escala dos valores humanos; mostra a continuidade das gerações e demonstra maravilhosamente a interdependência do povo de Deus”. (JOÃO PAULO II, 1981, p.19).
O dever número II, O Serviço à Vida, o Papa releva: “Assim a tarefa fundamental da família é o serviço à vida. É realizar, através da história, a bênção originária do Criador, transmitindo a imagem divina pela geração de homem a homem”, e ressalta que a fecundidade do amor conjugal não é restrita apenas à procriação dos filhos, mas também a “todos aqueles frutos da vida moral, espiritual e sobrenatural que o pai e a mãe são chamados a doar aos filhos e, através dos filhos, à Igreja e ao mundo”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 20).
A Igreja reafirma, sempre, seu posto em defesa da vida em qualquer condição ou estágio de desenvolvimento e condena qualquer tipo de contracepção.
“Conseqüentemente qualquer violência exercitada por tais autoridades em favor da contracepção e até da esterilização e do aborto procurado, é absolutamente de condenar e de rejeitar com firmeza. Do mesmo modo é de reprovar como gravemente injusto o fato de nas relações internacionais, a ajuda econômica concedida para a promoção dos povos ser condicionada a programas de contracepção, esterilização e aborto procurado”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 21).
“Quando os cônjuges, mediante o recurso à contracepção, separam estes dois significados que Deus Criador inscreveu no ser do homem e da mulher e no dinamismo da sua comunhão sexual, comportam-se como «árbitros» do plano divino e «manipulam» e aviltam a sexualidade humana, e com ela a própria pessoa e a do cônjuge, alterando desse modo o valor da doação total”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 23).
A importância da moral é o exemplo para a vida: “o Concílio Vaticano II afirmou claramente que quando se trata de conciliar o amor conjugal com a transmissão responsável da vida, a moralidade do comportamento não depende apenas da sinceridade da intenção e da apreciação dos motivos; deve também determinar-se por critérios objetivos, tomados da natureza da pessoa e dos seus atos; critérios que respeitam, num contexto de autêntico amor, o sentido da mútua doação e da procriação humana. Tudo isto só é possível se cultivar sinceramente a virtude da castidade conjugal”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 21).
O Papa reafirma o papel da Igreja como Mestra e Mãe, no auxílio a todos os casais. Observando que “a autêntica pedagogia eclesial revela o seu realismo e a sua sabedoria só desenvolvendo um empenhamento tenaz e corajoso no criar e sustentar todas aquelas condições humanas – psicológicas, morais e espirituais - que são indispensáveis para compreender e viver o valor e a norma moral”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 24).
Quanto à educação dos filhos o Papa salienta que a primeira escola social para a criança é a família, que a deve educar com amor, inclusive de forma correta e com moral, sobre a sexualidade e a castidade.
Também alerta a importância do amor e sua transmissão em uma sociedade fragmentada “por tensões e conflitos em razão do violento choque entre os diversos individualismos e egoísmos, os filhos devem enriquecer-se não só do sentido da verdadeira justiça que, por si só conduz ao respeito pela dignidade pessoal de cada um, mas também e, ainda mais, do sentido do verdadeiro amor, como solicitude sincera e serviço desinteressado para com os outros, em particular os mais pobres e necessitados”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 27).
O dever número III, A Participação no Desenvolvimento da Sociedade, reza que a experiência de comunhão e de participação cotidiana da família é sua primeira contribuição à sociedade.
“A promoção de uma autêntica e madura comunhão de pessoas na família torna-se a primeira e insubstituível escola de sociabilidade, exemplo e estímulo para as mais amplas relações comunitárias na mira do respeito, da justiça, do diálogo, do amor”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 31).
A família tem um potencial transformador da sociedade baseada em seus valores: “O dever social das famílias é chamado ainda a exprimir-se sob forma de intervenção política: as famílias devem com prioridade diligenciar para que as leis e as instituições do Estado não só não ofendam, mas sustentem e defendam positivamente os seus direitos e deveres” e por sua vez o Estado “subtrair às famílias tarefas que elas podem igualmente desenvolver perfeitamente sós ou livremente associadas, mas favorecer positivamente e solicitar o mais possível a iniciativa responsável das famílias”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 32).
O Papa cita os direitos da família através das palavras dos Padres Sinodais: “o direito de existir e progredir como família, isto é o direito de cada homem, mesmo o pobre, a fundar uma família e a ter os meios adequados para sustentá-la”, e incluem como tópicos entre outros: o direito à intimidade, estabilidade, educação e de emigrar. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 33).
E para uma nova ordem internacional diz: “A comunhão espiritual das famílias cristãs, radicadas na fé e esperança comuns e vivificadas pela caridade, constitui uma energia interior que dá origem, difunde e desenvolve justiça, reconciliação, fraternidade e paz entre os homens.” (JOÃO PAULO II, 1981, p. 34).
O dever número IV, A Participação na Vida e na Missão da Igreja, estabelece como primordial o dever eclesial da família, onde esta deve se inserir no mistério da Igreja: “colocar-se ao serviço da edificação do Reino de Deus na história, mediante a participação na vida e na missão da Igreja”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 35).
E o papa afirma a Eucaristia como a fonte do matrimônio, pois: “O sacrifício eucarístico, de fato, representa a aliança de amor de Cristo com a Igreja, enquanto sigilada com o sangue da sua Cruz. Neste sacrifício da Nova e Eterna Aliança é que os cônjuges cristãos encontram a raiz da qual brota, é interiormente plasmada e continuamente vivificada a sua aliança conjugal”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 40).
Cita a importância da conversão: “(...) o acolhimento do apelo evangélico de conversão dirigido a todos os cristãos, que nem sempre permanecem fiéis à novidade daquele batismo que os constituiu santos” e da oração familiar: “A comunhão na oração é, ao mesmo tempo, fruto e exigência daquela comunhão que é dada pelos sacramentos do batismo e do matrimônio”. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 40-41).
A quarta e última parte, Pastoral Familiar, foi também subdividida em quatro artigos.
No artigo I, Etapas, Estruturas, Responsáveis e Situações, o Papa alerta: “Sublinha-se, portanto, uma vez mais a urgência da intervenção pastoral da Igreja em prol da família. É preciso empregar todas as forças para que a pastoral da família se afirme e desenvolva, dedicando-se a um sector verdadeiramente prioritário, com a certeza de que a evangelização, no futuro, depende em grande parte da Igreja doméstica”. O Papa descreve as etapas de preparação do jovem ao casamento, que inicia desde a infância com a preparação remota, passando então á preparação próxima ao matrimônio e por fim a preparação para o apostolado familiar. “(...) as mudanças verificadas no seio de quase todas as sociedades modernas exigem que não só a família, mas também a sociedade e a Igreja se empenhem no esforço de preparar adequadamente os jovens para as responsabilidades do seu futuro (JOÃO PAULO II, 1981, p. 45).
No artigo II, Estruturas da Pastoral Familiar, o Papa aponta sobre na estrutura da pastoral a familiar, a necessidade de que: “Os sacerdotes, os religiosos e as religiosas, desde o tempo de formação, sejam orientados e formados de maneira progressiva e adequada para os respectivos deveres. Entre outras iniciativas alegro-me de poder sublinhar a recente criação em Roma, na Pontifícia Universidade Lateranense, de um Instituto Superior consagrado ao estudo dos problemas da família. Já em algumas dioceses foram fundados Institutos deste gênero: Os bispos empenhem-se para que o maior número possível de sacerdotes, antes de assumirem responsabilidades paroquiais, freqüente cursos especializados. Noutras partes realizam-se periodicamente cursos de formação em Institutos Superiores de estudos Teológicos e Pastorais”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 50).
No artigo III, Os Responsáveis da Pastoral Familiar, o Papa discrimina: “Os bispos são auxiliados de modo particular pelos presbíteros, cuja missão (...) integra essencialmente o ministério da Igreja para com o matrimônio e a família. O mesmo se diga dos diáconos, aos quais eventualmente venha a ser confiado este sector da pastoral”. “Pastores e leigos participam, na Igreja, da missão profética de Cristo: os leigos, testemunhando a fé com palavras e com a vida cristã; os pastores, discernindo em tal testemunho o que é expressão da fé genuína (...)”; “O contributo que os religiosos e as religiosas, e as almas consagradas em geral, podem dar ao apostolado da família encontra a primeira, fundamental e original expressão exatamente na consagração a Deus”. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 52-53).
O Papa também ressalta que podem ajudar as famílias, médicos, juristas, psicólogos, assistentes sociais, consulentes, etc., assim como os usuários e operadores da comunicação social, onde os pais devem influir na escolha e na preparação dos programas, e manter contato com os responsáveis da produção para valores humanos fundamentais “que fazem parte do verdadeiro bem comum da sociedade, mas, pelo contrário, sejam difundidos programas aptos a apresentar, na sua verdadeira óptica, os problemas da família e a sua adequada solução”. “Por isso, é imperioso que também a Igreja continue a dedicar toda a atenção a estas categorias de responsáveis, encorajando e sustentando, ao mesmo tempo, aqueles católicos que se sentem chamados e que tem dotes, a um empenhamento neste setor tão delicado”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 54).
No artigo IV, a Pastoral Familiar nos Casos Difíceis, o Papa discorre: Um empenho pastoral ainda mais generoso, inteligente e prudente, na linha do exemplo do Bom Pastor, é pedido para aquelas famílias que - muitas vezes independentemente da própria vontade ou pressionadas por outras exigências de natureza diversa - se encontram em situações objetivamente difíceis. E cita os emigrantes, os itinerantes, as famílias de presidiários, os exilados e as famílias dividas, entre outros. “A este propósito é necessário voltar especialmente a atenção para algumas categorias particulares, mais necessitadas não só de assistência, mas de uma ação mais incisiva sobre a opinião pública e, sobretudo sobre as estruturas culturais, econômicas e jurídicas, a fim de se poderem eliminar ao máximo as causas profundas do seu mal-estar. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 55).
“Os matrimônios entre católicos e outros batizados, na sua fisionomia particular, apresentam numerosos elementos que convêm valorizar e desenvolver quer pelo seu valor intrínseco, quer pela ajuda que podem dar ao movimento ecumênico. Isto é verdade de um modo particular quando os dois cônjuges são fiéis aos seus deveres religiosos. O batismo comum e o dinamismo da graça fornecem aos esposos, nestes matrimônios, a base e a motivação para exprimir a sua unidade na esfera dos valores morais e espirituais”. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 55-57).
“Na sua solicitude pela tutela da família em todas as suas dimensões, não somente na dimensão religiosa, o Sínodo dos Bispos não deixou de prestar atenta consideração a algumas situações irregulares, religiosa e muitas vezes também civilmente, que - nas rápidas mudanças culturais hodiernas - se vão infelizmente difundindo mesmo entre os católicos, com não pequeno dano do instituto familiar e da sociedade, de que constitui a célula fundamental”. O Papa cita ainda católicos unidos apenas pelo casamento civil, divorciados sem segunda união, os que são sem família, os que são de família natural, os que vivem de livre pato e os divorciados sem uma nova união, entre outros. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 58-59).
Quanto aos divorciados em segunda união, o papa afirma que: “A Igreja, contudo, reafirma a sua práxis, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir à comunhão eucarística os divorciados que contraíram nova união”. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 59-61).
Sobre os casamentos livres, de experiência e congêneres, o Papa declara: “Cada um destes elementos põe à Igreja árduos problemas pastorais, pelas graves conseqüências quer religiosas e morais (perda do sentido religioso do matrimônio à luz da Aliança de Deus com o seu Povo; privação da graça do sacramento; escândalo grave), quer também sociais (destruição do conceito de família; enfraquecimento do sentido de fidelidade mesmo para com a sociedade; possíveis traumas psicológicos nos filhos; afirmação do egoísmo)”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 59).
CONCLUSÃO
Os dias atuais são conturbados, o homem se encontra na berlinda em sua identidade e na sua identidade familiar perante tanta corrupção ética e moral. Porém, o homem é a meta da Igreja no caminho que esta percorre, direcionando-o ao mistério da Encarnação e da Redenção, com a única verdade que possa ser imposta em sua vida familiar ou em comunidade, a Verdade de Cristo.
“(...) a Igreja quer fazer chegar a sua voz e oferecer a sua ajuda a quem, conhecendo já o valor do matrimônio e da família, procura vivê-lo fielmente, a quem, incerto e ansioso, anda à procura da verdade e a quem está impedido de viver livremente o próprio projeto familiar. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 1).
Portanto, ensinar a verdade sobre o matrimônio e a família segundo o desígnio de Deus é tarefa primordial da Igreja, pois agindo assim a Igreja traça o mesmo caminho traçado por Cristo, o que a fundamenta, uma vez que sua ação missionária e ministerial é a ação do próprio Deus, é a Sua Palavra e a Sua Vontade.
Por isso a Igreja chama a família para se estabelecer em seus princípios, para firmar sua identidade, pois a Igreja representa a união entre Deus e o homem, a renovação diária do Novo Pacto, no milagre de Jesus Cristo, em seu corpo e em seu sangue.
E a família cristã é a família de Cristo, e como tal deve levar seus ensinamentos, evangelizando de geração em geração, no modelo de Jesus Cristo, que de traído nunca traiu e de apartado nunca se separou, antes, fielmente abraça e divulga a sua Esposa há mais de dois mil anos.
Amar a família significa saber estimar os seus valores e possibilidades, promovendo-os sempre. Amar a família significa descobrir os perigos e os males que a ameaçam, para poder superá-los. Amar a família significa empenhar-se em criar um ambiente favorável ao seu desenvolvimento. E, por fim, forma eminente de amor à família cristã de hoje, muitas vezes tentada por incomodidades e angustiada por crescentes dificuldades, é dar-lhe novamente razões de confiança em si mesma, nas riquezas próprias que lhe advém da natureza e da graça e na missão que Deus lhe confiou. «É necessário que as famílias do nosso tempo tomem novamente altura! “É necessário que sigam a Cristo”. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 58-62).
O Papa João Paulo II prestou uma contribuição valorosa à família cristã, ao pensar e designar sua missão nos dias atuais como “Igreja Doméstica”..
A família cristã tem em seu núcleo Jesus Cristo, Esposo da Igreja, portanto, o sacramento do matrimônio, deve ser sempre, compreendido como uma ocorrência salvífica, pois representa o mistério da Encarnação e o mistério do Novo Pacto.
As Escrituras Sagradas relatam Jesus priorizando o ensino da verdade revelada, exemplo da qual, seus apóstolos seguiram e consolidaram pela Tradição.
Cabe á família cristã evangelizar no seio de sua própria família e no de sua comunidade.
REFERÊNCIA:
. Disponível em: <http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_19811122_familiaris-consortio_po.html > - Acesso em: 8 de out 2009.
fonte desta resenha: http://www.saopedromaceio.com.br/index.php/jose-lopes-da-silva/172-familiaris-consortio
On terça-feira, agosto 13, 2013 by Pe. Lucione Queiroz
cont...
2) A educação
O
direito-dever dos pais de educar
36. O dever de
educar mergulha as raízes na vocação primordial dos cônjuges à participação na
obra criadora de Deus: gerando no amor e por amor uma nova pessoa, que traz em
si a vocação ao crescimento e ao desenvolvimento, os pais assumem por isso
mesmo o dever de a ajudar eficazmente a viver uma vida plenamente humana. Como
recordou o Concílio Vaticano II: «Os pais, que transmitiram a vida aos filhos,
têm uma gravíssima obrigação de educar a prole e, por isso, devem ser
reconhecidos como seus primeiros e principais educadores. Esta função educativa
é de tanto peso que, onde não existir, dificilmente poderá ser suprida. Com
efeito, é dever dos pais criar um ambiente de tal modo animado pelo amor e pela
piedade para com Deus e para com os homens que favoreça a completa educação
pessoal e social dos filhos. A família é, portanto, a primeira escola das
virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade»(99).
O direito-dever
educativo dos pais qualifica-se como essencial, ligado como está à
transmissão da vida humana; como original e primário, em relação ao
dever de educar dos outros, pela unicidade da relação de amor que subsiste
entre pais e filhos; como insubstituível e inalienável, e
portanto, não delegável totalmente a outros ou por outros usurpável.
Para além destas
características, não se pode esquecer que o elemento mais radical, que
qualifica o dever de educar dos pais é o amor paterno e materno, o qual
encontra na obra educativa o seu cumprimento ao tornar pleno e perfeito o
serviço à vida: o amor dos pais de fonte torna-se alma e,
portanto, norma, que inspira e guia toda a ação educativa concreta,
enriquecendo-a com aqueles valores de docilidade, constância, bondade, serviço,
desinteresse, espírito de sacrifício, que são o fruto mais precioso do amor.
Educar
para os valores essenciais da vida humana
37. Embora no
meio das dificuldades da obra educativa, hoje muitas vezes agravada, os pais
devem, com confiança e coragem, formar os filhos para os valores essenciais da
vida humana. Os filhos devem crescer numa justa liberdade diante dos bens
materiais, adoptando um estilo de vida simples e austero, convencidos de que «o
homem vale mais pelo que é do que pelo que tem» (100).
Numa sociedade
agitada e desagregada por tensões e conflitos em razão do violento choque entre
os diversos individualismos e egoísmos, os filhos devem enriquecer-se não só do
sentido da verdadeira justiça que, por si só conduz ao respeito pela dignidade
pessoal de cada um, mas também e, ainda mais, do sentido do verdadeiro amor,
como solicitude sincera e serviço desinteressado para com os outros, em
particular os mais pobres e necessitados. A família é a primeira e fundamental
escola de sociabilidade: enquanto comunidade de amor, ela encontra no dom de si
a lei que a guia e a faz crescer. O dom de si, que inspira o amor mútuo dos
cônjuges, deve pôr-se como modelo e norma daquele que deve ser actuado nas
relações entre irmãos e irmãs e entre as diversas gerações que convivem na
família. E a comunhão e a participação quotidianamente vividas na casa, nos
momentos de alegria e de dificuldade, representam a mais concreta e eficaz
pedagogia para a inserção activa, responsável e fecunda dos filhos no mais
amplo horizonte da sociedade.
A educação para
o amor como dom de si constitui também a premissa indispensável para os pais
chamados a oferecer aos filhos uma clara e delicada educação sexual. Diante
de uma cultura que «banaliza» em grande parte a sexualidade humana, porque a
interpreta e a vive de maneira limitada e empobrecida coligando-a unicamente ao
corpo e ao prazer egoístico, o serviço educativo dos pais deve dirigir-se com
firmeza para uma cultura sexual que seja verdadeira e plenamente pessoal. A
sexualidade, de fato, é uma riqueza de toda a pessoa - corpo, sentimento e alma
- e manifesta o seu significado íntimo ao levar a pessoa ao dom de si no amor.
A educação
sexual, direito e dever fundamental dos pais, deve actuar-se sempre sob a sua
solícita guia, quer em casa quer nos centros educativos escolhidos e
controlados por eles. Neste sentido a Igreja reafirma a lei da subsidiariedade,
que a escola deve observar quando coopera na educação sexual, ao imbuir-se do
mesmo espírito que anima os pais.
Neste contexto é
absolutamente irrenunciável a educação para a castidade como virtude que
desenvolve a autêntica maturidade da pessoa e a torna capaz de respeitar e
promover o «significado nupcial» do corpo. Melhor, os pais cristãos reservarão
uma particular atenção e cuidado, discernindo os sinais da chamada de Deus,
para a educação para a virginidade como forma suprema daquele dom de si que
constitui o sentido próprio da sexualidade humana.
Pelos laços
estreitos que ligam a dimensão sexual da pessoa e os seus valores éticos, o
dever educativo deve conduzir os filhos a conhecer e a estimar as normas morais
como necessária e preciosa garantia para um crescimento pessoal responsável na
sexualidade humana.
Por isto a
Igreja opõe-se firmemente a uma certa forma de informação sexual, desligada dos
princípios morais, tão difundida, que não é senão uma introdução à experiência
do prazer e um estímulo que leva à perda - ainda nos anos da inocência - da serenidade,
abrindo as portas ao vício.
A missão
educativa e o sacramento do matrimônio
38. Para os pais
cristãos a missão educativa, radicada como já se disse na sua participação na
obra criadora de Deus, tem uma nova e específica fonte no sacramento do matrimônio,
que os consagra para a educação propriamente cristã dos filhos, isto é, que os
chama a participar da mesma autoridade e do mesmo amor de Deus Pai e de Cristo
Pastor, como também do amor materno da Igreja, e os enriquece de sabedoria,
conselho, fortaleza e de todos os outros dons do Espírito Santo para ajudarem
os filhos no seu crescimento humano e cristão.
O dever
educativo recebe do sacramento do matrimônio a dignidade e a vocação de ser um
verdadeiro e próprio «ministério» da Igreja ao serviço da edificação dos seus
membros. Tal é a grandeza e o esplendor do ministério educativo dos pais
cristãos, que Santo Tomás não hesita em compará-lo ao ministério dos
sacerdotes: «Alguns propagam e conservam a vida espiritual com um ministério
unicamente espiritual: é a tarefa do sacramento da ordem; outros fazem-no
quanto à vida corporal e espiritual o que se realiza com o sacramento do matrimônio,
que une o homem e a mulher para que tenham descendência e a eduquem para o
culto de Deus»(101).
A consciência
viva e atenta da missão recebida no sacramento do matrimônio ajudará os pais
cristãos a dedicarem-se com grande serenidade e confiança ao serviço de educar
os filhos e, ao mesmo tempo, com sentido de responsabilidade diante de Deus que
os chama e os manda edificar a Igreja nos filhos. Assim a família dos
baptizados, convocada qual igreja doméstica pela Palavra e pelo Sacramento,
torna-se, conjuntamente, como a grande Igreja, mestra e mãe.
10 de agosto de 2013
On sábado, agosto 10, 2013 by Pe. Lucione Queiroz
cont...
A Igreja
Mestra e Mãe para os cônjuges em dificuldade
33.Também no
campo da moral conjugal a Igreja é e age como Mestra e Mãe.
Como Mestra, ela
não se cansa de proclamar a norma moral que deve guiar a transmissão
responsável da vida. De tal norma a Igreja não é, certamente, nem a autora nem
o juiz. Em obediência à verdade que é Cristo, cuja imagem se reflecte na
natureza e na dignidade da pessoa humana, a Igreja interpreta a norma moral e
propõe-na a todos os homens de boa vontade, sem esconder as suas exigências de
radicalidade e de perfeição.
Como Mãe, a
Igreja está próxima dos muitos casais que se encontram em dificuldade sobre
este importante ponto da vida moral: conhece bem a sua situação, frequentemente
muito árdua e às vezes verdadeiramente atormentada por dificuldades de toda a
espécie, não só individuais mas também sociais; sabe que muitos cônjuges
encontram dificuldades não só para a realização concreta mas também para a
própria compreensão dos valores ínsitos na norma moral.
Mas é a mesma e
única Igreja a ser ao mesmo tempo Mestra e Mãe. Por isso a Igreja nunca se
cansa de convidar e de encorajar para que as eventuais dificuldades conjugais
sejam resolvidas sem nunca falsificar e comprometer a verdade: ela está de fato
convencida de que não pode existir verdadeira contradição entre a lei divina de
transmitir a vida e a de favorecer o autêntico amor conjugal(91). Por isso, a pedagogia concreta da
Igreja deve estar sempre ligada e nunca separada da sua doutrina. Repito,
portanto, com a mesmíssima persuasão do meu Predecessor: «Não diminuir em nada
a doutrina salutar de Cristo é eminente forma de caridade para com as almas»(92).
Por outro lado,
a autêntica pedagogia eclesial revela o seu realismo e a sua sabedoria só
desenvolvendo um empenhamento tenaz e corajoso no criar e sustentar todas
aquelas condições humanas - psicológicas, morais e espirituais - que são
indispensáveis para compreender e viver o valor e a norma moral.
Não há dúvida de
que entre estas condições devem elencar-se a constância e a paciência, a
humildade e a fortaleza de espírito, a filial confiança em Deus e na sua graça,
o recurso frequente à oração e aos sacramentos da Eucaristia e da reconciliação(93). Assim fortalecidos, os cônjuges
cristãos poderão manter viva a consciência do influxo singular que a graça do
sacramento do matrimônio exerce sobre todas as realidades da vida conjugal, e,
portanto, também sobre a sua sexualidade: o dom do Espírito, acolhido e
correspondido pelos cônjuges, ajuda-os a viver a sexualidade humana segundo o
plano de Deus e como sinal do amor unitivo e fecundo de Cristo pela Igreja.
Mas, entre as
condições necessárias, entra também o conhecimento da corporeidade e dos ritmos
de fertilidade. Em tal sentido, é preciso fazer tudo para que um igual
conhecimento se torne acessível a todos os cônjuges, e, antes ainda às jovens,
mediante uma informação e educação clara, oportuna e séria, feita por casais,
médicos e peritos. O conhecimento deve conduzir à educação para o autocontrole:
daqui a absoluta necessidade da virtude da castidade e da permanente educação
para ela. Segundo a visão cristã, a castidade não significa de modo nenhum nem a
recusa nem a falta de estima pela sexualidade humana: ela significa antes a
energia espiritual que sabe defender o amor dos perigos do egoísmo e da
agressividade e sabe voltá-lo para a sua plena realização.
Paulo VI, com
profundo intuito de sabedoria e de amor, não fez outra coisa senão dar voz à
experiência de tantos casais quando na sua encíclica escreveu: «O domínio do
instinto, mediante a razão e a vontade livre, impõe sem dúvida uma ascese para
que as manifestações afectivas da vida conjugal sejam segundo a ordem recta e
particularmente para a observância da continência periódica. Mas esta
disciplina própria da pureza dos esposos, muito longe de prejudicar o amor
conjugal, confere-lhe pelo contrário um mais alto valor humano. Isto exige um
esforço contínuo, mas graças ao seu benéfico influxo, os cônjuges desenvolvem
integralmente a sua personalidade, enriquecendo-se de valores espirituais:
aquela traz à vida familiar frutos de serenidade e de paz e facilita a solução
de outros problemas; favorece a atenção para com o consorte, ajuda os esposos a
superar o egoísmo, inimigo do amor, e aprofunda o sentido da responsabilidade
deles no cumprimento dos seus deveres. Os pais adquirem então a capacidade de
uma influência mais profunda e eficaz na educação dos filhos»(94).
O
itinerário moral dos esposos
34.É sempre
muito importante possuir uma recta concepção da ordem moral, dos seus valores e
das suas normas: a importância aumenta quando se tornam mais numerosas e graves
as dificuldades para as respeitar.
Exactamente
porque revela e propõe o desígnio de Deus Criador, a ordem moral não pode ser
algo de mortificante para o homem e de impessoal; pelo contrário, respondendo
às exigências mais profundas do homem criado por Deus, põe-se ao serviço da sua
plena humanidade, com o amor delicado e vinculante com o qual Deus mesmo
inspira, sustenta e guia cada criatura para a felicidade.
Mas o homem,
chamado a viver responsavelmente o plano sapiente e amoroso de Deus, é um ser
histórico, que se constrói, dia a dia, com numerosas decisões livres: por isso
ele conhece, ama e cumpre o bem moral segundo etapas de crescimento.
Também os
cônjuges, no âmbito da vida moral, são chamados a um contínuo caminhar,
sustentados pelo desejo sincero e operante de conhecer sempre melhor os valores
que a lei divina guarda e promove, pela vontade recta e generosa de os encarnar
nas suas decisões concretas. Eles, porém, não podem ver a lei só como puro
ideal a conseguir no futuro, mas devem considerá-la como um mandato de Cristo
de superar cuidadosamente as dificuldades. Por isso a chamada «lei da
graduação» ou caminho gradual não pode identificar-se com a "graduação da
lei", como se houvesse vários graus e várias formas de preceito na lei
divina para homens em situações diversas. Todos os cônjuges são chamados,
segundo o plano de Deus, à santidade no matrimônio e esta alta vocação realiza-se
na medida em que a pessoa humana está em grau de responder ao mandato divino
com espírito sereno, confiando na graça divina e na vontade própria»(95). Na mesma linha a pedagogia da
Igreja compreende que os cônjuges antes de tudo reconheçam claramente a
doutrina da Humanae Vitae como normativa para o
exercício da sexualidade e sinceramente se empenhem em pôr as condições
necessárias para a observar.
Esta pedagogia,
como sublinhou o Sínodo, compreende toda a vida conjugal. Por isso a obrigação
de transmitir a vida deve integrar-se na missão global da totalidade da vida
cristã, a qual, sem a cruz, não pode chegar à ressurreição. Em semelhante
contexto compreende-se como não se possa suprimir da vida familiar o
sacrifício, mas antes se deva aceitá-lo com o coração para que o amor conjugal
se aprofunde e se torne fonte de alegria íntima.
Este caminho
comum exige reflexão, informação, instrução idónea dos sacerdotes, dos
religiosos e dos leigos que estão empenhados na pastoral familiar: todos eles
poderão ajudar os cônjuges no itinerário humano e espiritual que comporta em si
a consciência do pecado, o sincero empenho de observar a lei moral, o
ministério da reconciliação. Deve também ser recordado como na intimidade
conjugal estão implicadas as vontades das duas pessoas, chamadas a uma harmonia
de mentalidade e comportamento: isto exige não pouca paciência, simpatia e
tempo. De singular importância neste campo é a unidade dos juízos morais e
pastorais dos sacerdotes: tal unidade deve cuidadosamente ser procurada e
assegurada, para que os fiéis não tenham que sofrer problemas de consciência(96).
O caminho dos
cônjuges será portanto facilitado se, na estima da doutrina da Igreja e na
confiança na graça de Cristo, ajudados e acompanhados pelos pastores e pela
inteira comunidade eclesial, descobrirem e experimentarem o valor da libertação
e da promoção do amor autêntico, que o Evangelho oferece e o mandamento do
Senhor propõe.
Suscitar
convicções e oferecer uma ajuda concreta
35.Diante do
problema de uma honesta regulação da natalidade, a comunidade eclesial, no
tempo presente, deve assumir como seu dever suscitar convicções e oferecer uma
ajuda concreta a quantos quiserem viver a paternidade e a maternidade de modo
verdadeiramente responsável.
Neste campo,
enquanto se congratula com os resultados conseguidos pelas investigações científicas
de um conhecimento mais preciso dos ritmos de fertilidade feminina e estimula
uma mais decisiva e ampla extensão de tais estudos, a Igreja cristã não pode
não solicitar com renovado vigor a responsabilidade de quantos - médicos,
peritos, conselheiros conjugais, educadores, casais - podem efectivamente
ajudar os cônjuges a viver o seu amor com respeito pela estrutura e pelas
finalidades do ato conjugal que o exprime. Isto quer dizer um empenho mais
vasto, decisivo e sistemático, para fazer conhecer, apreciar e aplicar os
métodos naturais de regulação da fertilidade(97).
Um testemunho
precioso pode e deve ser dado por aqueles esposos que, mediante o comum empenho
na continência periódica, chegaram a uma responsabilidade pessoal mais madura
em relação ao amor e à vida. Como escrevia Paulo VI: «a esses confia o Senhor a
tarefa de fazer visível aos homens a santidade e a suavidade da lei que une o
amor mútuo dos esposos e a cooperação deles com o amor de Deus autor da vida
humana»(98).
1 de agosto de 2013
On quinta-feira, agosto 01, 2013 by Pe. Lucione Queiroz
Cont....
Na visão integral do homem e da sua vocação
32.No contexto de uma cultura que deforma gravemente ou chega até a perder o verdadeiro significado da sexualidade humana, porque a desenraíza da sua referência essencial à pessoa, a Igreja sente como mais urgente e insubstituível a sua missão de apresentar a sexualidade como valor e tarefa de toda a pessoa criada, homem e mulher, à imagem de Deus.
Nesta perspectiva o Concílio Vaticano II afirmou claramente que «quando se trata de conciliar o amor conjugal com a transmissão responsável da vida, a moralidade do comportamento não depende apenas da sinceridade da intenção e da apreciação dos motivos; deve também determinar-se por critérios objectivos, tomados da natureza da pessoa e dos seusatos; critérios que respeitam, num contexto de autêntico amor, o sentido da mútua doação e da procriação humana. Tudo isto só é possível se se cultivar sinceramente a virtude da castidade conjugal»(86).
É exactamente partindo da «visão integral do homem e da sua vocação, não só natural e terrena, mas também sobrenatural e eterna»(87), que Paulo VI afirmou que a doutrina da Igreja «se funda na conexão inseparável, que Deus quis e que o homem não pode quebrar por sua iniciativa, entre os dois significados do ato conjugal: o significado unitivo e o significado procriativo»(88). E conclui reafirmando que é de excluir, como intrinsecamente desonesta, «toda a ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou na sua realização, ou no desenvolvimento das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar a procriação impossível»(89).
Quando os cônjuges, mediante o recurso à contracepção, separam estes dois significados que Deus Criador inscreveu no ser do homem e da mulher e no dinamismo da sua comunhão sexual, comportam-se como «árbitros» do plano divino e «manipulam» e aviltam a sexualidade humana, e com ela a própria pessoa e a do cônjuge, alterando desse modo o valor da doação «total». Assim, à linguagem nativa que exprime a recíproca doação total dos cônjuges, a contracepção impõe uma linguagem objectivamente contradictória, a do não doar-se ao outro: deriva daqui, não somente a recusa positiva de abertura à vida, mas também uma falsificação da verdade interior do amor conjugal, chamado a doar-se na totalidade pessoal.
Quando pelo contrário os cônjuges, mediante o recurso a períodos de infecundidade, respeitam a conexão indivisível dos significados unitivo e procriativo da sexualidade humana, comportam-se como «ministros» de plano de Deus e «usufruem» da sexualidade segundo o dinamismo originário da doação «total», se manipulações e alterações(90).
À luz da experiência mesma de tantos casais e dos dados das diversas ciências humanas, a reflexão teológica pode receber e é chamada a aprofundar a diferença antropológica e ao mesmo tempo moral, que existe entre a contracepção e o recurso aos ritmos temporais: trata-se de uma diferença bastante mais vasta e profunda de quanto habitualmente se possa pensar e que, em última análise, envolve duas concepções da pessoa e da sexualidade humana irredutíveis entre si. A escolha dos ritmos naturais, de fato, comporta a aceitação do ritmo biológico da mulher, e com isto também a aceitação do diálogo, do respeito recíproco, da responsabilidade comum, do domínio de si. Acolher, depois, o tempo e o diálogo significa reconhecer o carácter conjuntamente espiritual e corpóreo da comunhão conjugal, como também viver o amor pessoal na sua exigência de fidelidade. Neste contexto o casal faz a experiência da comunhão conjugal enriquecida daqueles valores de ternura e afectividade, que constituem o segredo profundo da sexualidade humana, mesmo na sua dimensão física. Desta maneira a sexualidade é respeitada e promovida na sua dimensão verdadeira e plenamente humana, não sendo nunca «usada» como um «objecto» que, dissolvendo a unidade pessoal da alma e do corpo, fere a própria criação de Deus na relação mais íntima entre a natureza e a pessoa.
24 de julho de 2013
On quarta-feira, julho 24, 2013 by Pe. Lucione Queiroz
Terceira parte... cont.
31. A Igreja está sem dúvida consciente dos
múltiplos e complexos problemas que hoje em muitos países envolvem os cônjuges
no seu dever de transmitir responsavelmente a vida. Reconhece também o grave
problema do incremento demográfico, como se apresenta nas diversas partes do
mundo, e as relativas implicações morais.
Para que o
plano divino se
realize sempre mais plenamente
A Igreja
considera, todavia, que uma reflexão aprofundada de todos os aspectos de tais
problemas ofereça uma nova e mais forte confirmação da importância da doutrina
autêntica sobre a regulação da natalidade, reproposta no Concílio Vaticano II e
na encíclica Humanae Vitae.
Por isto,
juntamente com os Padres Sinodais, sinto o dever de dirigir um urgente convite
aos teólogos a fim de que, unindo as suas forças para colaborar com o
Magistério hierárquico, se empenhem em iluminar cada vez melhor os fundamentos
bíblicos, as motivações éticas e as razões personalísticas desta doutrina. Será
assim possível, no contexto de uma exposição orgânica, tornar a doutrina da
Igreja sobre este tema fundamental verdadeiramente acessível a todos os homens
de boa vontade, favorecendo uma compreensão cada dia mais luminosa e profunda:
desta forma o plano divino poderá ser sempre mais plenamente cumprido para a
salvação do homem e para a glória do Criador.
A tal respeito,
o empenho concorde dos teólogos, inspirado pela adesão convencida ao
Magistério, que é o único guia autêntico do Povo de Deus, apresenta particular
urgência mesmo em razão da visão do homem que a Igreja propõe: dúvidas ou erros
no campo matrimonial ou familiar implicam um grave obscurecer-se da verdade
integral sobre o homem numa situação cultural já tão frequentemente confusa e
contraditória O contributo de iluminação e de investigação, que os teólogos são
chamados a oferecer no cumprimento da sua missão específica, tem um valor
incomparável e representa um serviço singular, altamente meritório, à família e
à humanidade.
Na visão
integral do homem e da sua vocação
32.No contexto
de uma cultura que deforma gravemente ou chega até a perder o verdadeiro
significado da sexualidade humana, porque a desenraíza da sua referência
essencial à pessoa, a Igreja sente como mais urgente e insubstituível a sua
missão de apresentar a sexualidade como valor e tarefa de toda a pessoa criada,
homem e mulher, à imagem de Deus.
Nesta
perspectiva o Concílio Vaticano II afirmou claramente que «quando se trata de
conciliar o amor conjugal com a transmissão responsável da vida, a moralidade
do comportamento não depende apenas da sinceridade da intenção e da apreciação
dos motivos; deve também determinar-se por critérios objectivos, tomados da
natureza da pessoa e dos seus atos; critérios que respeitam, num contexto
de autêntico amor, o sentido da mútua doação e da procriação humana. Tudo isto
só é possível se se cultivar sinceramente a virtude da castidade conjugal»(86).
É exactamente
partindo da «visão integral do homem e da sua vocação, não só natural e
terrena, mas também sobrenatural e eterna»(87), que Paulo VI afirmou que a doutrina
da Igreja «se funda na conexão inseparável, que Deus quis e que o homem não
pode quebrar por sua iniciativa, entre os dois significados do ato conjugal: o
significado unitivo e o significado procriativo»(88). E conclui reafirmando que é de
excluir, como intrinsecamente desonesta, «toda a ação que, ou em previsão do ato
conjugal, ou na sua realização, ou no desenvolvimento das suas consequências
naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar a procriação impossível»(89).
Quando os
cônjuges, mediante o recurso à contracepção, separam estes dois significados
que Deus Criador inscreveu no ser do homem e da mulher e no dinamismo da sua
comunhão sexual, comportam-se como «árbitros» do plano divino e «manipulam» e
aviltam a sexualidade humana, e com ela a própria pessoa e a do cônjuge,
alterando desse modo o valor da doação «total». Assim, à linguagem nativa que
exprime a recíproca doação total dos cônjuges, a contracepção impõe uma
linguagem objectivamente contradictória, a do não doar-se ao outro: deriva
daqui, não somente a recusa positiva de abertura à vida, mas também uma
falsificação da verdade interior do amor conjugal, chamado a doar-se na
totalidade pessoal.
Quando pelo
contrário os cônjuges, mediante o recurso a períodos de infecundidade,
respeitam a conexão indivisível dos significados unitivo e procriativo da
sexualidade humana, comportam-se como «ministros» de plano de Deus e «usufruem»
da sexualidade segundo o dinamismo originário da doação «total», se
manipulações e alterações(90).
À luz da
experiência mesma de tantos casais e dos dados das diversas ciências humanas, a
reflexão teológica pode receber e é chamada a aprofundar a diferença antropológica
e ao mesmo tempo moral, que existe entre a contracepção e o recurso aos
ritmos temporais: trata-se de uma diferença bastante mais vasta e profunda de
quanto habitualmente se possa pensar e que, em última análise, envolve duas
concepções da pessoa e da sexualidade humana irredutíveis entre si. A escolha
dos ritmos naturais, de fato, comporta a aceitação do ritmo biológico da
mulher, e com isto também a aceitação do diálogo, do respeito recíproco, da
responsabilidade comum, do domínio de si. Acolher, depois, o tempo e o diálogo
significa reconhecer o carácter conjuntamente espiritual e corpóreo da comunhão
conjugal, como também viver o amor pessoal na sua exigência de fidelidade.
Neste contexto o casal faz a experiência da comunhão conjugal enriquecida
daqueles valores de ternura e afectividade, que constituem o segredo profundo
da sexualidade humana, mesmo na sua dimensão física. Desta maneira a
sexualidade é respeitada e promovida na sua dimensão verdadeira e plenamente
humana, não sendo nunca «usada» como um «objecto» que, dissolvendo a unidade
pessoal da alma e do corpo, fere a própria criação de Deus na relação mais
íntima entre a natureza e a pessoa.
Assinar:
Postagens (Atom)