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12 de dezembro de 2018

On quarta-feira, dezembro 12, 2018 by PASCOM - coreaú   Sem comentário

Homem fez mais de 20 disparos após a missa das 12h15. Atirador foi identificado como Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos, analista de sistemas. Polícia investiga motivação.

A cidade de Campinas, no interior de São Paulo, viveu uma tarde de tragédia. Um atirador abriu fogo dentro da Catedral Metropolitana de Campinas, matou quatro pessoas, deixou mais quatro feridas e se suicidou. A reportagem é de Paulo Gonçalves.
O ataque dentro da catedral aconteceu por volta das 13h - foi logo depois da missa das 12h15. A Catedral Metropolitana de Campinas fica bem no centro, de frente para a Avenida Francisco Glicério, uma das principais da cidade. Ao lado da catedral fica o principal ponto de comércio de Campinas. A região é muito movimentada, ainda mais no fim do ano.
As imagens do circuito interno da igreja mostram fieis ainda sentados nos bancos depois da missa. É quando o homem identificado como Euler Fernando Grandolpho, que está sentado no lado esquerdo do vídeo, se levanta e começa a disparar.
As pessoas correm, em pânico. Outras se jogam no chão. Nesse momento, segundo a polícia, Euler matou uma pessoa e feriu outra. É possível ver uma fumaça saindo no centro do vídeo. Euler vai para o meio da catedral, olha para trás e dispara novamente. Em seguida, coloca a mão no bolso e recarrega a arma.
Do lado esquerdo do vídeo, uma pessoa se levanta entre os bancos e sai correndo. Ao mesmo tempo, Euler olha em direção ao altar e volta a disparar, quando desaparece do vídeo.
Na sequência, dois policiais militares, que estavam próximos, entram na catedral e caminham em direção ao altar. Os guardas esperaram os outros fieis se protegerem para atirar contra Euler, que é atingido na costela. Ele cai entre os bancos e se mata com um tiro na cabeça.
Daniele Coutinho estava na igreja no momento dos disparos: “Ele só falou que ia atirar em todo mundo. Falou assim: ‘Todo mundo para trás’. Na hora eu esbocei uma reação, aí ele pegou e veio na minha direção. Eu levantei e a moça falou: ‘Fica sentada’. Eu falei: ‘Não’. Na hora veio a imagem dos meus três filhos na cabeça. Aí ele falou assim: ‘Se você não for para trás, eu vou dar um tiro na sua cabeça’. Nisso tinha um senhorzinho do meu lado, o senhorzinho tirou a atenção dele. Foi a hora que ele deu um tiro no senhorzinho, aí eu saí correndo para fora. Foi a hora que o guarda municipal me puxou. Foi muito tiro, foi horrível. Isso não vai sair da minha cabeça, foi horrível”.Seu Pedro Rodrigues, de 66 anos, estava algumas fileiras atrás do assassino e viu tudo: "Uma pessoa se levantou, se posicionou na frente do casal e começou, assim, a atirar, a queima-roupa. Deu dois tiros no casal. Depois desses dois tiros, eu saí correndo; porque a minha reação foi essa, de fuga. Eu e outras pessoas. Mas eu ouvi que ele continuava atirando".
O padre Amauri Thomazzi, que rezou a missa, gravou um vídeo logo depois do tiroteio e relatou os momentos de desespero: “Eu rezei a missa das 12h15. No final da missa, uma pessoa entrou atirando e fez algumas vítimas. Ninguém pôde fazer nada para ajudar de forma nenhuma. Mas eu peço a oração de todos. Estamos todos bem. Não tem como entrar, não tem como sair da catedral nesse momento. Foram mais de 20 tiros aqui dentro e depois ele se matou".
A catedral permaneceu interditada durante toda a tarde para a realização de perícia. Os corpos das vítimas só foram retirados depois das 17h. Os bombeiros e o Samu fizeram o atendimento aos quatro feridos ainda no local. Em seguida, eles foram encaminhados a hospitais de Campinas. Apenas uma das vítimas teve alta até o começo da noite desta terça-feira (11).
A Flávia correu para o hospital quando soube que a mãe foi baleada com um tiro na perna. "Seu pai e sua mãe estavam na igreja?", pergunta o repórter. "Os dois estavam. Meu irmão me ligou". Mais tarde, soube que o pai estava entre os mortos.
No fim da tarde, a polícia revelou mais detalhes sobre o atirador. Euler Fernando Grandolpho tinha 49 anos e, segundo a polícia, era analista de sistemas. Ele já tinha trabalhado como auxiliar de promotoria no Ministério Público da cidade de São Paulo.
A polícia ainda investiga o que levou o atirador a disparar dentro da igreja, mas já sabe que as duas armas que Euler usava tinham as numerações raspadas. Segundo as autoridades, o atirador descarregou dois pentes de munição e ainda tinha mais dois dentro do bolso, além do revolver calibre 38 carregado e que não chegou a ser usado.
A PM afirma que agiu com rapidez porque estava com a segurança reforçada na região de comércio para as compras de Natal. "Caso os policiais não estivessem tão próximos e não tivessem feito a ação como fizeram, com todo o cuidado, com certeza poderíamos ter mais vítimas. Tendo em vista que ainda restou, na posse do indivíduo, cerca de 28 munições. Fora os disparos que ele efetuou antes, inclusive fazendo a recarga de munição na arma", declarou o Major Adriano Augusto Leitão, comandante do 8º Batalhão da PM.
"Nós não constatamos nada contra ele, exceto um ou dois BOs que ele fez como vítima. Um de injúria, me parece. Algo de perseguição também. Então, não tem nada contra ele que possa dizer que ele tem antecedentes criminais. Nós não temos até o momento nenhuma informação sobre motivação", afirma o delegado José Henrique Ventura.
Um segundo ferido teve alta do hospital, por volta das 20h desta terça. Dois continuam internados; um em estado grave.
O presidente Michel Temer publicou uma mensagem sobre a tragédia em uma rede social. Disse que está profundamente abalado, que está rezando pela recuperação dos feridos e apresentou condolências às famílias dos mortos.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, também publicou mensagem de solidariedade às vítimas e disse que está acompanhando a apuração do crime.


(Reportagem: G1.com / Imagens: Site Veja, portal UOL e Página Brasil)

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