7 de maio de 2014
On quarta-feira, maio 07, 2014 by PASCOM - coreaú
Durante todo este mês de Maio, estaremos realizando a visita às famílias de nossa Paróquia. Tanto na sede como nas Capelas e Comunidades os grupos de pastorais, agentes, missionários estarão realizando as visitas e celebrações. Neste ano partindo da experiencia da Pastoral da Visitação que nos convida a vivencia de: visita, celebração nas Ruas, Bairros e Comunidades e a Celebração na Igreja.
Este anos nas Capelas da Zona Rural estão acontecendo as visistas nas casas com as novenas e celebrações nas casas.
PARA REFLEXÃO.
TEOLOGIA E MAGISTÉRIO
AS ORIGENS DA DEVOÇÃO
MARIANA
MONS. ÂNGELO
COMASTRI
Vigário-Geral do Santo Padre
para o Estado da Cidade do Vaticano
Na
perspectiva do mês de Maio, temos o gosto de oferecer aos nossos leitores o
texto publicado pelo arcebispo Ângelo Comastri em «L’Osservatore Romano» (ed.
port., 2-XII-06).
Quando começou a
devoção mariana? A pergunta é legítima. E a resposta é imediata e segura: a
devoção a Maria começou com o próprio cristianismo. Observemos os factos.
Entremos na
pequena Casa de Nazaré, a casa das nossas origens e das nossas primeiras
memórias. Eis o que encontramos: o Anjo Gabriel mandado por Deus, aparece a
Maria e diz-lhe: «Salve, ó cheia de
graça, o Senhor está contigo!» (Lc 1,
28).
Com estas palavras
que vêm do Céu começa a devoção mariana. Quem pode negar a evidência deste
facto? E quando Maria, única guardiã do anúncio do Anjo, se apresenta a Isabel
depois da longa viagem da Galileia até à Judeia, acontece outro facto singular.
Isabel ouve a saudação de Maria e percebe que o menino «salta» de alegria no
seio, enquanto um frémito do Espírito Santo a atravessa e lhe sugere palavras
de rara beleza e de surpreendente compromisso.
Ei-las: «Bendita és tu
entre as mulheres e bendito é o fruto do teu
ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu
Senhor? Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino
saltou de alegria no meu seio. Feliz de ti que acreditaste,
porque se vai cumprir tudo o que foi dito da parte do Senhor» (Lc 1,
42-45). É a segunda expressão de devoção mariana registada no Evangelho.
Não se diga então
– como às vezes acontece – que a devoção mariana nasceu depois de muitos séculos,
por uma espécie de entusiasmo mariano da Igreja Católica. Não, isto não é
verdade! A devoção a Maria está registada no Evangelho e nasceu com o
Evangelho. Depois, se seguirmos os passos de Maria maravilhados, podemos
recolher pessoalmente outras flores fresquíssimas de devoção à Mãe de Deus.
Vamos até à
narração do Natal. O Evangelho de Lucas refere: “Quando os anjos se afastaram
deles em direcção ao Céu, os pastores disseram uns aos outros:
«Vamos a Belém ver o que aconteceu e o que o Senhor nos
deu a conhecer». Foram apressadamente e encontraram Maria, José e o menino
deitado na manjedoura» (Lc 2, 15-16).
Pensais que os
pastores, após se terem ajoelhado diante do Menino, não tenham lançado a seguir
um olhar à Mãe e não tenham sussurrado alguma palavra? Não é legítimo pensar
que os pastores tenham exclamado: «Feliz és tu, Mãe deste Menino!»? Era uma
expressão de devoção mariana.
Passemos ao
evangelista Mateus, que narra a chegada dos Magos em Belém e usa estas palavras
textuais: «E a estrela que tinham visto no Oriente ia diante
deles, até que, chegando ao lugar onde estava o menino, parou. Ao
ver a estrela, sentiram imensa alegria; e, entrando
na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se,
adoraram-no» (Mt 2, 9-11).
Podemos, sem muito
esforço, imaginar a grande emoção dos Magos, os quais, após uma longa e
aventurosa viagem, tiveram a alegria de ver o Menino... tão esperado e
desejado! Porém, não nos afastamos da verdade dos factos, se imaginarmos também
que os Magos, depois da adoração do Menino, tenham olhado para Maria e lhe
tenham dirigido palavras de admiração: também esta é devoção mariana... percebida
nas entrelinhas do Evangelho!
Prossigamos o
nosso caminho... e cheguemos às bodas de Caná. Conhecemos toda a encantadora
história da festa das bodas, na qual Maria intervém ao mesmo tempo com
delicadeza e decisão para salvar a alegria dos noivos. Os servos, que conheciam
o exacto suceder-se dos factos, certamente aproximaram-se de Maria e disseram:
«Jesus escutou-te! Fala-lhe de nós e pede uma bênção para as nossas famílias!».
Também estas eram autênticas flores de devoção mariana.
E os noivos não retomariam
com Maria o discurso das bodas e da água transformada em vinho? Certamente
teriam dito a Maria: «Obrigado! A tua intervenção salvou a nossa festa.
Continua a orar por nós!».
Assim começa a
devoção mariana. E continua nos séculos sem interrupção. Limito-me a dois
testemunhos.
A Basílica da
Anunciação em Nazaré teve origem com o abatimento de uma construção levantada
pelos franciscanos em 1700. O Pe. Bellarmino Bagatti (1905-1990), um dos
maiores arqueólogos bíblicos do século XX, «aproveitou» a demolição para
reconstruir a história arquitectónica do lugar de culto. Antes de mais, pôde
estabelecer que não era verdadeiro (como muitos defendiam) que naquele lugar
houvesse túmulos romanos e que, portanto, pudessem surgir – por motivo de
pureza – habitações hebraicas. Com efeito, descobriu-se que não havia sepulcros
mas, ao contrário, traços muito evidentes de casas de gente do lugar. De
qualquer modo, ficou confirmado que o edifício do século XVIII – como já se
sabia – foi erigido sobre uma igreja bizantina. Mas, nisto, houve uma
maravilhosa surpresa: sob a igreja bizantina descobriram-se os restos de um
lugar de culto da primitiva comunidade judaico-cristã. Eis o facto
extraordinário: sobre a grande base rebocada de uma coluna, utilizada para
sustentar o tecto da igreja-sinagoga, encontrou-se a inscrição, em caracteres
gregos XE MAPIA, abreviatura de K(àir)e Maria, que significa:
«Alegra-te, Maria!».
É a mais antiga
invocação a Nossa Senhora, encontrada na mesma casa onde Ela viveu. Numa
coluna, um peregrino tinha deixado outro sinal da sua passagem, um grafito
devocional em língua grega, que rezava assim: «Neste santo lugar de
Maria escrevi». Noutro pilar, uma palavra em arménio antigo: «Virgem
bela».
Como vedes, a
devoção mariana desabrocha no Evangelho e do Evangelho: na própria Nazaré!
Mas há mais. Em
1917, no Egipto, a John Rylands Library de Manchester (Inglaterra) – talvez a
biblioteca mais rica de códigos do Novo Testamento – comprou um lote de papiros
provenientes, com bastante probabilidade, do Baixo Egipto. Um deles, com dez
linhas de texto em grego, mutilado na margem direita e com uma rasgadura no
alto à esquerda (com dimensões de cerca de 14 centímetros por 9,5)
foi publicado somente vinte anos depois, em 1938. Praticamente, reconhece-se
com unanimidade hoje que aquele texto não pode ser datado além do terceiro
século: a data mais provável é por volta do ano 250. Encontramo-nos, pois,
perante a mais antiga oração mariana testemunhada por um papiro.
A fim de mostrar a
importância daquelas antiquíssimas palavras, damos uma tradução delas, que foi
possível realizar, integrando o texto onde estava mutilado, graças à liturgia
da Igreja copta que, no mesmo Egipto de onde provém o texto, continuou a ser utilizado
no seu culto, sem interrupção ou qualquer variação.
Eis O texto: «Sob a tua
misericórdia nos refugiamos, ó Mãe de Deus [Theotòlae]:
as nossas orações não desprezes nas desgraças, mas do perigo livra (nos):
tu a única pura e a [única]bendita».
Pois bem, antes de
1938, excluía-se um culto «oficial» da Virgem Maria anterior ao primeiro
Concílio ecuménico, o de Niceia, realizado no ano 325. Depois, quanto ao
termo Theotókos(Mãe de Deus), os especialistas negavam que pudesse
ter sido utilizado antes da célebre definição do Concílio de Éfeso, em 431. E,
pelo contrário, eis que o humilde pedaço de papiro egípcio desloca em quase
dois séculos para trás a data de Éfeso, que era citada como se fosse um termo
peremptório.
A verdade
histórica é: Maria, a partir das palavras
empenhadas pronunciadas pelo Anjo Gabriel, foi imediatamente olhada com
admiração. E logo a sua intercessão foi invocada por motivo do seu
particular vínculo com Cristo: o vínculo da maternidade!
Portanto, quando
recorrermos a Maria para a invocar com filial confiança, não nos encontraremos
fora do Evangelho, mas totalmente dentro dele.
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