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29 de julho de 2014

On terça-feira, julho 29, 2014 by PASCOM - coreaú

Um brado para unir os cristãos em direção a Jerusalém


A vida e a obra de Odon (Eudes) que, eleito Papa em 12 de março de 1088, adotou o nome de Urbano, aparecem bem retratadas no Martirologio Romano: “Em Roma, junto a São Pedro, o beato Urbano II, Papa, que defendeu a liberdade da Igreja das investidas dos poderes seculares, combateu a simonia e a corrupção do clero e, no Concílio de Clermont, exortou os soldados cristãos, marcados com a cruz, a libertar os irmãos oprimidos e o Sepulcro do Senhor”.
Odon estudou na escola de São Bruno, fundador dos Cartuxos/Beneditinos(1032-1101) e se tornou monge em Cluny: o mais importante movimento monástico da reforma na Idade Média teve início em Cluny, passo-a-passo com a reforma gregoriana. Foi o próprio Papa Gregório VII que o nomeou cardeal e o enviou como legado para a Alemanha. Até que os cardeais reformadores elegeram o próprio Odon ao sólio pontifício.
Nos primeiros tempos, Urbano II mostrou-se indulgente com bispos e príncipes. Assim que terminou sua tarefa, ao contrário, combateu a interferência dos leigos nas questões eclesiásticas. Dividimos o pontificado em dois períodos: no primeiro, o Papa Urbano se apresentou com diplomática circunspecção numa situação ainda não totalmente favorável à reforma; no segundo, julgando o tempo apropriado, enfrentou as circunstâncias com maior segurança e decisão até proclamar, pela primeira vez, o feito pelo qual é historicamente conhecido: a Primeira Cruzada (1095-1099).
Monge de Cluny e seguidor da reforma gregoriana, no sínodo de Melfi, Urbano renovou a legislação gregoriana contra o matrimônio dos clérigos, a simonia e as investiduras leigas. Não deixou, entretanto, de usar diplomacia: por exemplo, por seu legado na Alemanha, critérios estáveis de ação mais moderados e mais abertos ao mundo leigo. No Grande dicionário ilustrado dos Papas lemos: “Seu senso realista e sua atitude conciliante conseguiram obter sucessos na Itália e também em outros países europeus”.
Convém recordar que os normandos da Itália meridional e da Sicília eram seus mais íntimos aliados: a ponto de conceder a Rogério I, conde da Sicília (1072-1101) poderes de controle correspondentes aos mesmos dos legados da Igreja na ilha (assim nascia a chamada “monarquia siciliana”). Rogério era virtualmente um legado papal na Sicília.
Em 1095, a posição de Urbano se tornara mais segura: começava a segunda fase do seu pontificado com uma “triunfal série de sínodos”. Recordemos, em particular, o sínodo de Clermont (1095): por um lado, Urbano inventou e decretou a chamada “trégua de Deus” (suspensão das hostilidades, principalmente para enterrar os mortos, nos dias estabelecidos pela Igreja); em segundo lugar, em 27 de novembro de 1095, lançou um apelo solene pela Primeira Cruzada (1095-1099), exortando os cristãos a libertar Jerusalém do domínio muçulmano.
De acordo com a Breve história da Igreja, de August Franzen: “Papa Urbano II (1088-1099), dirigiu, em 1095, nos sínodos de Piacenza e Clermont, um apaixonado apelo à cristandade latina que despertou uma enorme atividade. A grande ideia religiosa, superando todas as fronteiras nacionais, junta todos os povos do ocidente cristão, que se aliaram para ajudar os cristãos orientais e para arrebatar ao Islã a terra onde Cristo havia vivido e difundido sua mensagem de salvação. Com um brado ardente, Deus vult (Deus o quer), o Papa arrastou consigo os cristãos e colocou a si próprio como líder do movimento”.
O início da Cruzada, que constitui o sucesso mais memorável de Urbano, foi o fruto mais precioso de uma política de aproximação com Bizâncio: ele procurava a unidade dos cristãos.
Concluindo, convém recordar que se tratava de um pontífice devotíssimo de Nossa Senhora: aprovou e difundiu o Pequeno Ofício da Beata Virgem, o costume de recitar a Ave Maria pela manhã e à noite e a dedicação do sábado a Nossa Senhora. Além disso, durante o seu pontificado, desenvolveu-se a centralização do governo da Igreja; foram reorganizadas as finanças papais; foi reestruturada a cúria (a expressão “cúria romana” aparece pela primeira vez num documento em 1089) tomando por modelo a da corte imperial; foi dada maior importância ao colégio de cardeais.
Urbano morreu duas semanas após a tomada de Jerusalém pelos cruzados (15 de julho de 1099); foi beatificado pelo papa Leão XIII em 1881 e sua festa é celebrada em 29 de julho.