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31 de março de 2014

On segunda-feira, março 31, 2014 by PASCOM - coreaú
Entrevista com Padre Vileci, assessor regional da CEBs(Comunidades Eclesiais de Bases)


Durante a Assembleia Diocesana da CEBs, a Pastoral da Comunicação Nossa Senhora da Piedade teve o privilégio de entrevistar o Pe. Vileci, realizando duas questões de duvidas para a comunidade católica que não conhece o papel da das Comunidade Eclesiais de Bases.

PASCOM: como surgiu a CEBs?

Pe VILECI: as CEBs se deu origem durante período da ditadura militar no estado do Rio Grande do Norte na década de sessenta (1960). Foi um aglomerado de pessoas que se reuniam, cujo objetivo é a leitura bíblica em articulação com a vida, e a realidade política e social em que vivem, desenvolvendo atividades da igreja católica.

PASCOM: Qual a diferença entre a CEBs de daquela época e a CEBs de hoje?


Pe VINANCI: No Brasil, como em outros países na época, a questão da injustiça social era muito visível e a repressão que se dava com relação as pessoas. Não havia essa liberdade de falar o que queria, ou de fortalecer uma organização social. Então, o único espaço que a sociedade encontrou para o fortalecimento de uma organização social civil, foi na igreja.E isso ocorreu nos espaços das Comunidades Eclesiais de Bases (CEBs). Naquele momento, a igreja era bem visível, com os trabalhos que ela implantava, no momento de grande martilho,por conta das perseguição as lideranças comunitária,onde as CEBs alimentou, na sociedade, essa possibilidade de organização social da social civil.Nasceram várias lideranças políticas, foram criadas várias organizações sociais nas comunidades, fortaleceram as organizações dos sindicatos rurais, principalmente. Depois vieram os sindicatos urbanos, a luta pela escola, pelo um posto de saúde e pela a necessidade da própria água nas comunidades, onde essas questões reivindicatórias eram muito presente.  Hoje, nós vivemos numa sociedade onde o processo de cidadania e as necessidades não são mais as mesma dos anos 70. Por conta disso, a quem diga que ouve o “esfriamento” das CEBs, porque ela deixou de fazer essa luta social em virtude da organização da sociedade e dessa problemáticas que foram resolvidas.Mas as CEBs, hoje, tem novos desafios, que é a questão do desrespeitos as pessoas, o desfazer da dignidades da pessoa humana. Por exemplo, a campanha da fraternidade deste ano está apontando isto, a questão do tráfico humano. As pessoas são traficadas para trabalho escravo, para exploração sexual, para venda de órgãos humanos. Então essa é uma forma de injustiça que, às vezes, está invisível e que as CEBs está atenta para que não deixe que as pessoas sejam exploradas. Outra questão de grande relevância para CEBs é a questão da ecologia, onde vemos empresas se instalando nas comunidades para a exploração da área, e consequentemente, para expulsão das pessoas de suas terras e para especulação imobiliária, principalmente nas áreas litorâneas, onde ocorre o com frequência a expulsãodos trabalhadores e pescadores. A questão das terras indígenas e a problemática com as comunidades quilombolas, percebemos que a questão ecológica, está muito envolta dos grandes projetos de governo. Esses grandes projetos vem atrapalhando também a vida das comunidades, expulsando pessoas de suas localidades, causando injustiças sociais. Temos os problema da transposição, que um problema que não é resolvido e que tem afetado a vida de muitas comunidades.Atransnordestina e a construção de grandes empreendimentos voltados para copa. Por exemplo, em Sobral, na sexta-feira (28 de março), em uma assembleia regional, se falou de como as obras da copa estão afetando uma determinada comunidade, porque Sobral está construindo um aeroporto, e este tem por finalidade facilitar a mobilização da copa. Então percebemos que, hoje, temos um pouco de identificar o “inimigo”, aquele que é o causador das injustiças sociais e que a CEBs precisa estar atenta, identificar pessoas, o endereço delas para que e a CEBs possa ter uma atitude profética, porque é desse modo que obtemos a identidade da CEBs hoje. Se passa pela a luta da justiça, a construção da justiça social, na denúncia das injustiça que é a atitude profética. O modelo de igreja que nós temos hoje, tem que ter esse dois trilhos: o trem das CEBs passando pelo trilho da justiça e da profecia. 
On segunda-feira, março 31, 2014 by PASCOM - coreaú

13º ASSENBLEIA DIOCESANA DAS COMUNIDADES ECLESIAS DE BASES
           

Nos dias 28 (sexta-feira) e 29 (sábado) de março, foi realizado no Auditório Pastoral Santa Clara, em Coreaú, a 13ª Assembleia Diocesana das Comunidades Eclesiais de Bases – CEBs, onde estavam presentes representantes de várias paroquias que fazem parte da Diocese de Sobral.
Na sexta-feira o evento começou com muita música, oração e Palestras, realizadas pelo advogado e ex-secretário de educação de Fortaleza, Elmano Freire, que abordou sobre as atividades sociais e economia no Brasil. Em seguida contamos com a palestre do Padre Vilanci, assessor regional da CEBs, que abordou temas relacionado a religião e a comunidade. No período da tarde, os participantes se reuniram em seis grupos para abordar algumas questões imposta pela CEBs. Em seguida dirigiram-se a igreja matriz Nossa Senhora da Piedade de Coreaú para a celebração da Santa Missa. A noite, foi realizada uma confraternização animada pelos organizadores do evento e grupos musicais.
    No sábado, Padre Vilanci, continuou a palestra, abordando as diferenças das comunidades em que o centro de referência era o Padre, e comunidades onde todos os grupos funciona como uma corrente, sendo a própria referência. Mais tarde, foi formado três grupos, um para cada regional diocesana (Regional Vale do Acaraú, Vale do Coreaú e Araras) cujo objetivo era responder alguns temas da igreja e a escolha dos novos coordenadores da CEBs. O evento foi encerrado com os agradecimento aos colaboradores e aos participantes.   

26 de março de 2014

On quarta-feira, março 26, 2014 by PASCOM - coreaú



Neste ano, a Jornada Mundial da Juventude, realizada nas dioceses, será celebrada no dia 13 de abril, Domingo de Ramos, com o tema “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu” (Mt 5,3), escolhido pelo Santo Padre. No Rio de Janeiro, a mobilização com a juventude será no Complexo do Alemão.
As atividades terão início, no sábado, 12. A partir das 14h, os jovens das paróquias, movimentos, novas comunidades, congregações e pastorais da juventude são convidados a se concentrar na Praça de Inhaúma, zona norte do Rio, em frente à Paróquia São Tiago, para a procissão dos ramos que vai se dirigir até o Complexo do Alemão.
Para este percurso, o Setor Juventude pede que os jovens levem seus ramos e que contribuam com 1kg de alimento não perecível para as ações sociais no Complexo. Durante o itinerário, um trio elétrico animará a juventude e a música ficará por conta do Ministério da Comunidade Shalom.
O local foi escolhido como uma forma de vivenciar o tema deste ano e, assim, concretizar o apelo do Papa de ir ao encontro das “periferias existenciais”. Um das atividades para este objetivo será a Ação de Amor do Cristo Redentor, quando os moradores poderão usufruir de serviços de saúde e de cunho social.
Após a procissão, o bispo nomeado da Diocese de Valença (RJ) e referencial para juventude do Regional Leste 1, Dom Nelson Francelino Ferreira, celebrará a Santa Missa. A Celebração Eucarística será animada pela Banda Linguagem dos Anjos e, em seguida, a cantora Olívia Ferreira fará um show encerrando o dia.
A Igreja, em todo mundo, celebra anualmente as Jornadas Mundiais da Juventude no Domingo de Ramos, nas dioceses; a cada três anos, aproximadamente, num evento internacional, como acontecerá, na Polônia, em 2016.
Por Canção Nova, com Assessoria JMJ Rio2013
On quarta-feira, março 26, 2014 by PASCOM - coreaú
Complexo do Alemão terá Jornada Diocesana da Juventude no RJ, desde Pio XI, que fundou a emissora em 1931, até o Papa Francisco. A iniciativa intitulada “a voz dos Papas” será apresentada em uma coletiva de imprensa na terça-feira, 1º de abril, na Sala Marconi, na Rádio Vaticano.
Entre as atribuições institucionais da Rádio Vaticano, está custodiar e gerenciar o arquivo sonoro pontifício, assegurando, no caso de uso por parte de terceiros, a proteção do caráter pastoral e a tutela dos direitos de propriedade intelectual.
A digitalização do arquivo, inserida no contexto da canonização dos Papas João XXIII e João Paulo II, em 27 de abril próximo, tem o objetivo de conservar o material sonoro, cuja integridade poderia ser prejudicada pelos meios de arquivamento. Ao mesmo tempo, permitirá arquivar as informações de áudio e de texto em maneira mais eficiente.
O novo sistema de arquivamento digital garantirá também, facilidade no uso por parte dos comunicadores e estudiosos. “A direção técnica da Rádio Vaticano finalizou a digitalização do arquivo sonoro pontifício que reproduz o conteúdo das 8 mil fitas e sistemas originais das atividades dos Papas, desde Pio XI até Francisco, passando por João XXIII e João Paulo II que serão canonizados em breve”, afirmou o diretor da Rádio Vaticano, Padre Federico Lombardi.
Na Coletiva de imprensa estarão presentes o Padre Federico Lombardi , o prefeito Emérito da Congregação para os Bispos, Cardeal Giovanni Battista Re, o vaticanista Gian Franco Svidercoschi, que acompanhou o Pontificado de João XXIII e o auxiliar de quarto do Papa João XXII e decano da antessala de João Paulo II, Guido Gusso, que falará de algumas recordações sobre os dois papas.
Por Canção Nova, com Rádio Vaticano

24 de março de 2014

On segunda-feira, março 24, 2014 by PeJose
Nossa Diocese promove nestes dias 24 e 25/03/2014 encontro de formação e estudo sobre a Pastoral da Visitação.
O assessor destes dias é o Pe. José Carlos Pereira que nos apresenta o objetivo da pastoral e os caminhos da nova evangelização.

“A pastoral da visitação pretende ser algo permanente, contínuo, fazendo com que a Igreja, representada nos agentes de pastoral da paróquia, vá até a as pessoas, e não apenas espere que as outras possam ir até ela”,

Todos sãos chamados a serem pastores do rebanho, já que “a pastoral da visitação nasce da necessidade de bons pastores, daqueles que deixam no redil as noventa e nove ovelhas que estão seguras e vão ao encontro daquela que se perdeu ou se desgarrou do rebanho”.
“O padre, sozinho, não consegue visitar a todos da sua paróquia. E, mesmo que conseguisse, não é correto que ele faça tudo sozinho. A paróquia não é somente o padre.” A necessidade de dividir o trabalho nas comunidades é imprescindível. “É preciso dividir trabalho, repartir funções, partilhar a vida e as ações, somar forças”.
O objetivo dessa pastoral é que seja algo além de uma “mera pastoral de visitação  e passe a ser uma pastoral decididamente missionária.
Portanto, nessa obra, o Pe. José Carlos traça os objetivos específicos da pastoral da visitação e a pedagogia da visitação, pois “não dá mais para enxergar a missão apenas como algo além da paróquia. Se a Igreja começa na família, a missão da Igreja deve começar nas paróquias.” Como formar missionários, se na paróquia não têm missionários?


16 de março de 2014

On domingo, março 16, 2014 by PeJose


A propósito da adoração ao Santíssimo Sacramento e a missa:
Aprendendo da história
 
Frei José Ariovaldo da Silva, OFM
 
           
 1. A prática de adorar o Santíssimo na missa hoje: alguns exemplos
 
            Chega a ser impressionante, nestes últimos anos, a volta das manifestações de adoração ao Santíssimo Sacramento durante a celebração do memorial do sacrifício de Cristo, isto é, durante ou imediatamente após a missa. 
            Muita gente, na hora da consagração, tem o costume de sussurrar exclamações como: “Meu Jesus, eu te adoro”, ou, “Meu Senhor e meu Deus”, ou, “Senhor, eu creio em ti, mas aumentai minha fé” etc.
            Muitos padres, na hora da consagração, levantam devagar e solenemente, bem alto, a hóstia consagrada e, depois, o cálice, para adoração dos fiéis. Olhos fixos no pão e no vinho consagrados, ao som das campainhas, todos adoram a Jesus que “desceu sobre o altar”, como dizem.
            Há padres que, logo após a consagração, interrompem a Oração Eucarística, saindo com o Santíssimo Sacramento em procissão pela nave a Igreja – chamam essa procissão de “passeio” – para adoração dos fiéis com manifestações de aplausos, toques na hóstia por parte dos fiéis para receber a cura etc.
            Muitos, após a consagração, substituem a aclamação memorial “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição” por cantos de adoração como: “Eu te adoro, hóstia divina”, ou, “Bendito, louvado seja, o Santíssimo Sacramento” etc.
            Muitos cristãos e cristãs, assim que recebem a comunhão têm o hábito de se ajoelhar na capela do Santíssimo Sacramento para adorar Jesus presente ali no sacrário. Como se não tivessem acabado de “receber Jesus” no templo do seu próprio corpo!... 
Há padres – e leigos também – que incentivam a adoração do Santíssimo imediatamente após a missa, dando assim a impressão que a comunhão não valeu, ou valeu pouco. Pois, dada a importância que se dá à adoração e à bênção do Santíssimo logo após a missa, a comunhão no corpo e sangue de Cristo acaba caindo no esquecimento, em segundo plano. Como vi e ouvi, certa vez pela televisão, um padre animador proclamar solenemente e com todo entusiasmo para a multidão, assim que terminou a missa presidida pelo bispo: “Meus irmãos, agora vamos receber e bênção do Santíssimo Sacramento... Não existe bênção mais importante do que esta”! Conclusão: A maior bênção, que foi a participação no memorial do sacrifício de Cristo, isto é, na missa recém-celebrada, deixou de ser a mais importante!...
Alguns chegam a substituir a bênção final da missa pela bênção do Santíssimo Sacramento.
São alguns exemplos ilustrativos de como estão resgatando por aí o sentido da missa mais como ato de adoração ao Santíssimo do que como celebração do mistério pascal na forma de uma ceia. Inclusive com manifestações de adoração ao Santíssimo Sacramento imediatamente após a missa, colocando-a em segundo plano...
São costumes que tiveram uma origem, bem como um motivo por que se originaram, na história da Igreja. Vejamos o que diz a história a respeito. Ela pode nos ensinar muita coisa e nos iluminar em nossas práticas celebrativas da eucaristia hoje.
 
2. Quando e por que evoluiu a prática de adorar o Santíssimo na missa
 
A prática de adorar o Santíssimo Sacramento durante a missa se desenvolveu com toda força na passagem do primeiro para o segundo milênio. Em plena Idade Média, portanto.
Antes, isto é, no primeiro milênio, sobretudo até o século IX, a eucaristia era vista e vivida sobretudo como celebração memorial da páscoa de Cristo, em clima de ação de graças, da qual participava ativamente toda a assembléia, tendo como ponto alto desta participação a comunhão no corpo e sangue de Cristo. Não havia adoração ao Santíssimo durante a missa, como se entende e se faz hoje.
Aos poucos, porém, sobretudo a partir do século VIII-IX, a missa vai se tornando cada vez mais “coisa do padre”. Os motivos são vários, e não vem ao caso elencá-los aqui. Basta dizer que o clero vai aos poucos monopolizando tudo na celebração eucarística. Os padres começam a rezar a missa sozinho. E, mesmo havendo assembléia, adota-se o costume de os padres fazerem tudo sozinho (orações, leituras etc.), em voz baixa, de costas para o povo, em latim. O povo apenas assiste, de longe. Já não participa mais, como era antes.
Com isso, os cristãos perdem também o estímulo em participar também da comunhão recebendo o corpo e o sangue do Senhor. Esquecem-se assim da ordem que Jesus mesmo deu: “Tomai e comei... tomai e bebei”. (Jesus mandou comer e beber! Comer e beber é parte integrante e ponto alto da participação na missa). Cada vez menos gente participa da comunhão. Apenas assiste a “missa do padre”.
Outro fator que distancia o povo da mesa da comunhão na missa: Aos poucos, por influência dos povos franco-germânicos, os cristãos de nossa Igreja romana absorvem uma mentalidade quase doentia em relação à divindade, vendo nesta um ser terrível, ameaçador, vigiando e controlando nossas atitudes. Ligado a isso, se acentua uma mentalidade obsessiva em relação ao pecado, ao castigo, ao inferno e purgatório. O clima era, pois, de medo. Resultado: O povo fica com medo de comungar. Pois comungar significava aproximar-se do Juiz terrível e ameaçador e, possivelmente, correr perigo de castigo por nossos pecados.
Assim, no século XII, já praticamente ninguém comungava mais. Foi preciso que o quarto concílio do Latrão, realizado em 1215, decretasse uma lei determinando que todo católico devia comungar pelo menos uma vez por ano, por ocasião da páscoa, depois de fazer uma boa confissão. Pelo menos uma vez por ano! Como se vê, não era mais costume comungar em cada missa.
O que o povo fazia então, enquanto o padre, lá distante no altar, “rezava a missa”? Entretinha-se com rezas, novenas, devoções etc. E a comunhão, o povo a substituiu pela adoração da hóstia. Ver a hóstia, de longe, adorando-a, tornou-se uma forma de “comungar”. Por isso que, então, os padres adotaram o costume de levantar bem alto a hóstia e, depois, o cálice, na hora da consagração. Para o povo ver e prestar adoração ao Senhor terrível que “desceu sobre o altar”, na hóstia consagrada e no cálice de vinho. O desejo de ver a hóstia tornou-se então uma verdadeira febre para os fiéis, o ponto alto, o momento mais importante da missa. Introduziram até o costume de tocar campainhas na hora da elevação, exatamente para chamar a atenção e enfatizar o momento. Bastava ver a hóstia e o povo já se dava por muito feliz e satisfeito.
Outra informação: A partir do século IX, mas com maior vigor a partir do século XI, alguns teólogos de influência, dentre os quais destaca-se Berengário de Tours, andaram espalhando idéias que colocavam em dúvida a presença real de Jesus no pão e no vinho consagrados. A Igreja, em reação a estes movimentos heréticos, desencadeou todo um movimento no sentido de afirmar a fé na presença real. Para tanto, propagou e reforçou a prática da adoração ao Santíssimo Sacramento, dentro e fora da missa. Fora da missa, através de procissões do Santíssimo, bênçãos do Santíssimo etc. Consequência: A missa, distante do pensamento de Jesus e da prática dos cristãos dos primeiros séculos, se transforma numa espécie “fábrica de hóstias consagradas” para serem adoradas. Longe do pensamento de Jesus, porque na última ceia Jesus não disse “tomai e adorai”; ele disse “tomai e comei... tomai e bebei”!
Como você vê, o costume de adorar o Santíssimo Sacramento durante a missa foi desenvolvido na Idade Média, quando a Igreja havia perdido de vista o verdadeiro sentido da missa como celebração memorial da páscoa de Cristo e nossa (vejam o que Jesus disse: “Fazei isto em memória de mim”!), que tem seu ponto alto no momento da ceia (comunhão). A missa, em vez de ser em primeiro lugar um momento de adoração ao Pai, através do memorial do sacrifício de Cristo que se entrega, na força do Espírito Santo, transforma-se simplesmente numa ocasião privilegiada de adoração à hóstia consagrada, ou, ao Cristo presente no pão e no vinho; mas sobretudo no pão (na hóstia).
Esta mentalidade não foi superada nem com o concílio de Trento (séc. XVI). Perpassou os séculos seguintes, até hoje. Nosso Brasil foi evangelizado com esta mentalidade. Não tivemos outro tipo de evangelização eucarística (refiro-me ao modelo de compreensão dos primeiros séculos de cristianismo). O modelo medieval é que ficou muito bem arraigado no nosso subconsciente religioso. Por isso, o costume de adorar o Santíssimo na missa hoje, segundo os exemplos elencados no início deste artigo, mereceria todo um longo trabalho de evangelização.
 
3. Desafios para o futuro
 
Nesses últimos anos, o papa João Paulo II fala de uma nova evangelização. Nós  diríamos: Precisamos re-evangelizar nossa cultura religiosa eucarística de tipo medieval, valorizando, à luz do concílio Vaticano II, a compreensão bíblica e dos Santos Padres no que se refere à celebração eucarística.
Não se trata de menosprezar e muito menos querer eliminar as devoções ao Santíssimo Sacramento. Trata-se de, teologicamente, colocar as coisas no seu justo lugar. Não misturar as coisas. Missa é missa. Adoração ao Santíssimo é outra, com seu sentido e valor[1]. A mistura é coisa da Idade Média que, como vimos, acabou colocando a adoração ao Santíssimo acima do verdadeiro sentido da missa.
Também não se trata de dizer que não adoramos Cristo na hora da missa[2]. Os Santos Padres o adoraram! Trata-se de evitar exageros que colocam a prática da adoração ao Santíssimo acima da Oração Eucarística e da própria comunhão eucarística.
Neste sentido, a CNBB nos dá com muita sabedoria a seguinte orientação: “Na celebração da Missa, não se deve salientar de modo inadequado as palavras da Instituição (= consagração), nem se interrompa a Oração Eucarística para momentos de louvor a Cristo presente na Eucaristia com aplausos, vivas, procissões, hinos de louvor eucarístico e outras manifestações que exaltem de tal maneira o sentido da presença real que acabem esvaziando as várias dimensões da celebração eucarística”[3].
Enfim, o grande desafio mesmo está em desenvolver na alma dos pastores e dos fiéis tudo o que o concílio Vaticano II resgatou em termos de teologia e celebração da eucaristia. Peço demais a Deus que o espírito deste importantíssimo concílio, no que diz respeito à eucaristia, não seja abafado pelo individualismo religioso tão forte nesta nova passagem de milênio.
 
Bibliografia
 
ALDAZÁBAL José. A Eucaristia. In: BOROBIO Dionísio. A celebração na Igreja 2: Sacramentos. São Paulo: Loyola, 1993, p. 204-244 (“Evolução histórica e compreensão eclesial da eucaristia”).
 
BASURKO Xavier & GOENAGA José Antônio. A vida litúrgico-sacramental da Igreja em sua evolução histórica. In: BOROBIO Dionísio. A celebração na Igreja 1: Liturgia e sacramentologia fundamental. São Paulo: Loyola, 1990, p. 37-160 (sobretudo p. 84ss.).
 
CABIÉ Robert. A Eucaristia. In: MARTIMORT Aimé Georges (Org.). A Igreja em oração II. Petrópolis: Vozes, 1989 (sobretudo p. 130-132: “A devoção medieval”).
 
COLDEBELLA Silde. Adoração na missa?. In: Revista de Liturgia n. 153 (mai/jun 1999), p. 33-34.
 
LUTZ Gregório. A presença real de Jesus Cristo na eucaristia. In: Revista de Liturgia n. 153 (mai/jun 1999), p. 8-10.
 
MARSILI Salvatore. Teologia da celebração da eucaristia. In: VV.AA. A eucaristia: teologia e história da celebração (= Anámnesis 3). São Paulo: Paulinas, 1987, p. 7-202.
 
MELO José Raimundo de. A participação da assembléia dos fiéis na celebração eucarística ao longo da história: e-volução ou in-volução?. In: Perspectiva Teológica 32 (2000), p. 187-220.
 
VISENTIN Pelágio. Eucaristia. In: SARTORE Domenico & TRIACCA Achille M. Dicionário de Liturgia. São Paulo: Pulinas, 1992, p. 395-415 (sobretudo p. 399-402: “A celebração eucarística: as grandes etapas de sua evolução histórica”).


[1]Cf. SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO, A sagrada comunhão e o culto do mistério eucarístico fora da missa, 7a ed., Paulus, São Paulo 1975 onde, entre outras coisas, ensina que “a finalidade primária e primordial de conservar a Eucaristia fora da Missa é a administração do Viático (= comunhão para os enfermos); são fins secundários a distribuição da comunhão e a adoração de nosso Senhor Jesus Cristo presente no Sacramento. A conservação das sagradas espécies para os enfermos introduziu o louvável costume de adorar-se este alimento celeste conservado nas igrejas. Este culto de adoração se apóia em fundamentos válidos e firmes, sobretudo porque a fé na presença real do Senhor tende a manifestar-se externa e publicamente” (Introdução, n. 5, p. 10).
[2]O próprio missal prescreve uma genuflexão do sacerdote na hora da consagração, primeiro para adorar a hóstia consagrada e depois para adorar o cálice.
[3]CNBB, Orientações pastorais sobre a Renovação Carismática Católica (= Documentos da CNBB 53), Paulinas, São Paulo 1994, n. 41, p. 22.

4 de março de 2014

On terça-feira, março 04, 2014 by PeJose

Mensagem do papa Francisco para a Quaresma

O convite aos cristãos para testemunharem sua fé por meio da convivência comunitária é feito pelo papa Francisco em sua mensagem para o Quaresma 2014, que terá início no dia 05 de março, Quarta-feira de Cinzas. O texto divulgado pelo Vaticano, nesta terça-feira, 4, apresenta algumas reflexões chamadas pelo de “caminho pessoal e comunitário de conversão”.

“O Evangelho é o verdadeiro antídoto contra a miséria espiritual: o cristão é chamado a levar a todo o ambiente o anúncio libertador de que existe o perdão do mal cometido, de que Deus é maior que o nosso pecado e nos ama gratuitamente e sempre, e de que estamos feitos para a comunhão e a vida eterna. O Senhor convida-nos a sermos jubilosos anunciadores desta mensagem de misericórdia e esperança”, disse o papa Francisco. Confira a íntegra da mensagem:
Fez-Se pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9)
 
Queridos irmãos e irmãs!
 
Por ocasião da Quaresma, ofereço-vos algumas reflexões com a esperança de que possam servir para o caminho pessoal e comunitário de conversão. Como motivo inspirador tomei a seguinte frase de São Paulo: «Conheceis bem a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, Se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza» (2 Cor 8, 9). O Apóstolo escreve aos cristãos de Corinto encorajando-os a serem generosos na ajuda aos fiéis de Jerusalém que passam necessidade. A nós, cristãos de hoje, que nos dizem estas palavras de São Paulo? Que nos diz, hoje, a nós, o convite à pobreza, a uma vida pobre em sentido evangélico?
 
A graça de Cristo
Tais palavras dizem-nos, antes de mais nada, qual é o estilo de Deus. Deus não Se revela através dos meios do poder e da riqueza do mundo, mas com os da fragilidade e da pobreza: «sendo rico, Se fez pobre por vós». Cristo, o Filho eterno de Deus, igual ao Pai em poder e glória, fez-Se pobre; desceu ao nosso meio, aproximou-Se de cada um de nós; despojou-Se, «esvaziou-Se», para Se tornar em tudo semelhante a nós (cf. Fil 2, 7; Heb 4, 15). A encarnação de Deus é um grande mistério. Mas, a razão de tudo isso é o amor divino: um amor que é graça, generosidade, desejo de proximidade, não hesitando em doar-Se e sacrificar-Se pelas suas amadas criaturas. A caridade, o amor é partilhar, em tudo, a sorte do amado. O amor torna semelhante, cria igualdade, abate os muros e as distâncias. Foi o que Deus fez connosco. Na realidade, Jesus «trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, excepto no pecado» (CONC. ECUM. VAT. II, Const. past. Gaudium et spes, 22).
 
A finalidade de Jesus Se fazer pobre não foi a pobreza em si mesma, mas – como diz São Paulo – «para vos enriquecer com a sua pobreza». Não se trata dum jogo de palavras, duma frase sensacional. Pelo contrário, é uma síntese da lógica de Deus: a lógica do amor, a lógica da Encarnação e da Cruz. Deus não fez cair do alto a salvação sobre nós, como a esmola de quem dá parte do próprio supérfluo com piedade filantrópica. Não é assim o amor de Cristo! Quando Jesus desce às águas do Jordão e pede a João Batista para O batizar, não o faz porque tem necessidade de penitência, de conversão; mas fá-lo para se colocar no meio do povo necessitado de perdão, no meio de nós pecadores, e carregar sobre Si o peso dos nossos pecados. Este foi o caminho que Ele escolheu para nos consolar, salvar, libertar da nossa miséria. Faz impressão ouvir o Apóstolo dizer que fomos libertados, não por meio da riqueza de Cristo, mas por meio da sua pobreza. E todavia São Paulo conhece bem a «insondável riqueza de Cristo» (Ef 3, 8), «herdeiro de todas as coisas» (Heb 1, 2).
 
Em que consiste então esta pobreza com a qual Jesus nos liberta e torna ricos? É precisamente o seu modo de nos amar, o seu aproximar-Se de nós como fez o Bom Samaritano com o homem abandonado meio morto na berma da estrada (cf. Lc 10, 25-37). Aquilo que nos dá verdadeira liberdade, verdadeira salvação e verdadeira felicidade é o seu amor de compaixão, de ternura e de partilha. A pobreza de Cristo, que nos enriquece, é Ele fazer-Se carne, tomar sobre Si as nossas fraquezas, os nossos pecados, comunicando-nos a misericórdia infinita de Deus. A pobreza de Cristo é a maior riqueza: Jesus é rico de confiança ilimitada em Deus Pai, confiando-Se a Ele em todo o momento, procurando sempre e apenas a sua vontade e a sua glória. É rico como o é uma criança que se sente amada e ama os seus pais, não duvidando um momento sequer do seu amor e da sua ternura. A riqueza de Jesus é Ele ser o Filho: a sua relação única com o Pai é a prerrogativa soberana deste Messias pobre. Quando Jesus nos convida a tomar sobre nós o seu «jugo suave» (cf. Mt 11, 30), convida-nos a enriquecer-nos com esta sua «rica pobreza» e «pobre riqueza», a partilhar com Ele o seu Espírito filial e fraterno, a tornar-nos filhos no Filho, irmãos no Irmão Primogénito (cf. Rm 8, 29).
 
Foi dito que a única verdadeira tristeza é não ser santos (Léon Bloy); poder-se-ia dizer também que só há uma verdadeira miséria: é não viver como filhos de Deus e irmãos de Cristo.
 
O nosso testemunho
Poderíamos pensar que este «caminho» da pobreza fora o de Jesus, mas não o nosso: nós, que viemos depois d'Ele, podemos salvar o mundo com meios humanos adequados. Isto não é verdade. Em cada época e lugar, Deus continua a salvar os homens e o mundo por meio da pobreza de Cristo, que Se faz pobre nos Sacramentos, na Palavra e na sua Igreja, que é um povo de pobres. A riqueza de Deus não pode passar através da nossa riqueza, mas sempre e apenas através da nossa pobreza, pessoal e comunitária, animada pelo Espírito de Cristo.
 
À imitação do nosso Mestre, nós, cristãos, somos chamados a ver as misérias dos irmãos, a tocá-las, a ocupar-nos delas e a trabalhar concretamente para as aliviar. A miséria não coincide com a pobreza; a miséria é a pobreza sem confiança, sem solidariedade, sem esperança. Podemos distinguir três tipos de miséria: a miséria material, a miséria moral e a miséria espiritual. A miséria material é a que habitualmente designamos por pobreza e atinge todos aqueles que vivem numa condição indigna da pessoa humana: privados dos direitos fundamentais e dos bens de primeira necessidade como o alimento, a água, as condições higiênicas, o trabalho, a possibilidade de progresso e de crescimento cultural. Perante esta miséria, a Igreja oferece o seu serviço, a sua diaconia, para ir ao encontro das necessidades e curar estas chagas que deturpam o rosto da humanidade. Nos pobres e nos últimos, vemos o rosto de Cristo; amando e ajudando os pobres, amamos e servimos Cristo.
 
O nosso compromisso orienta-se também para fazer com que cessem no mundo as violações da dignidade humana, as discriminações e os abusos, que, em muitos casos, estão na origem da miséria. Quando o poder, o luxo e o dinheiro se tornam ídolos, acabam por se antepor à exigência duma distribuição equitativa das riquezas. Portanto, é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à sobriedade e à partilha.
 
Não menos preocupante é a miséria moral, que consiste em tornar-se escravo do vício e do pecado. Quantas famílias vivem na angústia, porque algum dos seus membros – frequentemente jovem – se deixou subjugar pelo álcool, pela droga, pelo jogo, pela pornografia! Quantas pessoas perderam o sentido da vida; sem perspectivas de futuro, perderam a esperança! E quantas pessoas se vêem constrangidas a tal miséria por condições sociais injustas, por falta de trabalho que as priva da dignidade de poderem trazer o pão para casa, por falta de igualdade nos direitos à educação e à saúde. Nestes casos, a miséria moral pode-se justamente chamar um suicídio incipiente. Esta forma de miséria, que é causa também de ruína econômica, anda sempre associada com a miséria espiritual, que nos atinge quando nos afastamos de Deus e recusamos o seu amor. Se julgamos não ter necessidade de Deus, que em Cristo nos dá a mão, porque nos consideramos auto-suficientes, vamos a caminho da falência. O único que verdadeiramente salva e liberta é Deus.
 
O Evangelho é o verdadeiro antídoto contra a miséria espiritual: o cristão é chamado a levar a todo o ambiente o anúncio libertador de que existe o perdão do mal cometido, de que Deus é maior que o nosso pecado e nos ama gratuitamente e sempre, e de que estamos feitos para a comunhão e a vida eterna. O Senhor convida-nos a sermos jubilosos anunciadores desta mensagem de misericórdia e esperança. É bom experimentar a alegria de difundir esta boa nova, partilhar o tesouro que nos foi confiado para consolar os corações dilacerados e dar esperança a tantos irmãos e irmãs imersos na escuridão. Trata-se de seguir e imitar Jesus, que foi ao encontro dos pobres e dos pecadores como o pastor à procura da ovelha perdida, e fê-lo cheio de amor. Unidos a Ele, podemos corajosamente abrir novas vias de evangelização e promoção humana.
 
Queridos irmãos e irmãs, possa este tempo de Quaresma encontrar a Igreja inteira pronta e solícita para testemunhar, a quantos vivem na miséria material, moral e espiritual, a mensagem evangélica, que se resume no anúncio do amor do Pai misericordioso, pronto a abraçar em Cristo toda a pessoa. E poderemos fazê-lo na medida em que estivermos configurados com Cristo, que Se fez pobre e nos enriqueceu com a sua pobreza. A Quaresma é um tempo propício para o despojamento; e far-nos-á bem questionar-nos acerca do que nos podemos privar a fim de ajudar e enriquecer a outros com a nossa pobreza. Não esqueçamos que a verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói.
 
Pedimos a graça do Espírito Santo que nos permita ser «tidos por pobres, nós que enriquecemos a muitos; por nada tendo e, no entanto, tudo possuindo» (2 Cor 6, 10). Que Ele sustente estes nossos propósitos e reforce em nós a atenção e solicitude pela miséria humana, para nos tornarmos misericordiosos e agentes de misericórdia. Com estes votos, asseguro a minha oração para que cada crente e cada comunidade eclesial percorra frutuosamente o itinerário quaresmal, e peço-vos que rezeis por mim. Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos guarde!
 
Vaticano, 26 de Dezembro de 2013
Festa de Santo Estêvão, diácono e protomártir.
 
Francisco